Dia 28 de junho

POR DÃO ALMEIDA*
Esse jogo tem um sabor muito especial pra mim. Na época, estava cursando mestrado em Bowling Green, Ohio, a menos de uma hora de distância de carro de Detroit. Já tinha assistido a três jogos no Silverdome: EUA 1 x 1 Suíça, Romênia 1 x 4 Suíça e Suécia 3 x 1 Rússia.
Mas esse tinha um sabor especial pela presença do meu pai e dos dois irmãos mais velhos. Era o clã que chamamos de “A Turma do Boso”, em homenagem ao apelido do meu pai. Aparecemos os quatro no telão do estádio antes do início da partida!
O Silverdome, hoje em estado de abandono, tinha (tem!) capacidade para 77.500 torcedores e era (é!) totalmente coberto, com ar condicionado para aplacar o calor do verão americano, tão ou mais intenso que o carioca.
Chegamos de carro e o estacionamento era a uns 4 km do estádio. No estacionamento, vários ônibus de baldeação esperavam e, aos poucos, levavam os torcedores até a porta do estádio. Detectores de metal, muito bom humor e muitos torcedores. Um escocês mais exaltado furou a fila e teve de voltar para o fim dela.
Os suecos, com seus tradicionais capacetes vikings com chifres azuis e amarelos, cantando e sempre sorrindo. Copa do Mundo raramente tem animosidade entre torcidas. Quem vai assistir, vai se divertir. E esse jogo não foi diferente.
Brasil e Suécia faziam campanhas excelentes e decidiriam a primeira colocação. A seleção tinha duas vitórias (Rússia e Camarões), enquanto os escandinavos tinham empatado com os africanos (2 a 2) e vencido a Rússia por 3 a 1. Jogo que também assisti, com grande atuação de Dahlin e Brolin.
De azul e já classificado, o Brasil entrou em campo com pouca preocupação. A Suécia, de amarelo, ainda dependia de um ponto para carimbar a vaga. Uma defesa ferrenha, alta e forte dificultou muito a Rússia no jogo anterior e prometia barrar Romário e Bebeto.
Foi um duelo truncado. A Suécia abriu o placar aos 23 minutos, com Kennet Andersson, em lindo toque por cobertura em Taffarel, depois de passe do baixinho Brolin.
A seleção não se acertou até o inicio do segundo tempo, quando Parreira resolveu tirar Mauro Silva e colocar Mazinho. Substituição que se mostraria eficiente, já que o meio-campista, pai de Thiago Alcântara, seria titular a partir das oitavas, no lugar de Raí. Mazinho fazia a equipe mais consistente e melhorava bastante o passe do Brasil.
A um minuto do segundo tempo, Romário recebeu passe de Zinho, chegou perto da área pela esquerda, e, com um toque de biquinho, igualou o marcador no Silverdome. Festa da torcida brasileira!
Após o empate, a partida parou. A Suécia, sabendo que Camarões estava sendo goleado pela já desclassificada Rússia, se contentou em se defender. E o Brasil, do pragmático Parreira, não viu razões para forçar demais o time com o primeiro lugar já garantido.
Fim de jogo.
Agora, tínhamos os donos da casa pela frente, em pleno 4 de julho! Mas aquele empate no Silverdome foi muito especial pra mim.
* Dão Almeida é boleiro e já assistiu a mais de 700 jogos ao vivo. Santista de coração, mas amante do bom futebol, foi assíduo frequentador de estádios nos anos 1970 e 1980. Gosta de assistir a jogos de qualquer time, não só do Santos. Hoje reside com esposa e filho nos Estados Unidos, onde exerce, entre outras atividades profissionais, a função de treinador de futebol, especializado em desenvolvimento técnico e de fundamentos para atletas abaixo de 14 anos. Saiba mais no blog.
Lances e gols de Brasil 1 x 1 Suécia:
Fontes:
– fifa.com