Há 1 ano… dia 3 de março de 2013.
POR RAUL ANDREUCCI*
Há apenas um ano, em Assunção, capital do Paraguai, morria Luis Alberto Cubilla Almeida, ou simplesmente Luis Cubilla. Então com 72 anos, o uruguaio de Paysandú não resistiu às complicações de um câncer no estômago que vinha o atormentando nos últimos anos e faleceu com um cartaz menor do que merecia, por seus feitos no futebol sul-americano.
El Negro, como ficou conhecido ainda na época de jogador, poderia muito bem eternizar-se como Señor Libertadores. Afinal, conquistou nada menos do que cinco edições da Copa Libertadores, torneio de maior prestígio no continente americano: três como atleta e duas como técnico. Nenhuma de maneira corriqueira.
Para começo de conversa, Cubilla foi, literalmente, o primeiro heroi de uma Libertadores. Em 1960, na estreia da competição, marcou o gol do título do Peñarol, a sete minutos do apito final, empatando em 1 a 1 a partida contra o paraguaio Olimpia, em Assunção! – a partida de ida, em Montevidéu, foi vencida pelos aurinegros pelo placar mínimo.
Considerado gordinho (74 kg em 1,69m), o ponta direita ainda participou, no ano seguinte, do bicampeonato carbonero e do triunfo no Mundial. Em 1963, a velocidade e as provocações marcantes não foram páreas para o esquadrão que sucederia ao seu: o Santos de Pelé. Ainda assim, garantiu um contrato com o espanhol Barcelona, onde ficou até 1964, sem deixar saudade e só com a Copa do Rei de 1963 na bagagem. No clube seguinte, o argentino River Plate, chegou perto de mais uma Libertadores, mas ficou com o vice de 1966.
No retorno ao Uruguai, em 1969, arriscou um novo caminho, e justo no Nacional, maior rival do Peñarol. A recompensa veio em 1970, com o terceiro título continental e o segundo mundial. Também adicionou ao currículo quatro nacionais, igualando o número obtido no seu primeiro clube. Aventurou-se, em seguida, pelo chileno Santiago Morning, antes de levantar o último troféu, pelo Defensor, em 1976, ano de sua despedida dos campos, totalizando nove triunfos!






Com a proeza de ser adorado por torcedores de Peñarol e Nacional, O Monstro, outra de suas alcunhas, esteve perto de se tornar persona non grata por nossas bandas. Como o compatriota Ghiggia, que calou o Maracanã em 1950 e garantiu a taça da Copa do Mundo para o Uruguai, marcou contra o Brasil na semifinal de 1970. A seleção de Pelé (ele mais uma vez!), porém, virou para 3 a 1 e faturou o tri para acabar de vez com a qualquer síndrome de vira-lata.
O gol, contudo, não foi sua principal contribuição aos anais da Copa. O lance mais lembrado é a assistência que originou a classificação para essa semifinal. Contra a União Soviética, pelas quartas, lutou até o fim por uma bola na linha de fundo, ignorando a desistência dos rivais, que a consideraram fora de jogo, fez o desarme e cruzou para Víctor Espárrago anotar, na prorrogação, o gol da vitória por 1 a 0. Cubilla, vale aproveitar a ocasião, participou de três Copas do Mundo (1962, 1970 e 1974), com 11 gols em 38 jogos.
Como treinador, nova façanha. Conseguiu, pela primeira vez na história da Libertadores, infiltrar um clube de outro país, que não Argentina, Brasil ou Uruguai, na lista dos campeões. Coincidentemente, pelo paraguaio Olimpia (aquele mesmo que superara em 1960), duas vezes: 1989 e 1990 – além de mais um Mundial, no primeiro ano.
Até hoje, acredite, as únicas conquistas paraguaias. Excursionou por Argentina, Colômbia, Peru, Equador e Guatemala. Treinou, inclusive, a seleção de seu país, entre 1991 e 1993. Mas seu maior sucesso nessa seara foi mesmo com o Olimpia, seu time derradeiro, com quem esteve até 2010, antes de se afastar do futebol em decorrência dos problemas de saúde. Com certeza, para nunca esquecermos deste homem, ou melhor, deste senhor, quase sinônimo de conquista, o Señor Libertadores.
* Raul Andreucci, 28, quase 29 e já na crise dos 30, acredita que é jornalista e tem garantias legais da PUC-SP de ser mestrando em Sociologia. Já escreveu muito (e continua adorando escrever) sobre futebol. Quando deixam, se arrisca também por outros aí. Principalmente porque adora contar histórias. Com mais dois amigos, toca o BAIACU por esse mar de informações. Quando pode, inventa mais projetos para se coçar. Casado, bom dizer, antes que mandem propostas indecentes. E atualmente sentindo saudade dos amigos, louco por convites para cerveja e abraços calorosos.
O gol de Cubilla e os melhores momentos de Brasil 3 x 1 Uruguai, pela Copa de 1970:
A assistência, em Uruguai 1 x 0 URSS, também na Copa do Mundo de 1970:
Fontes:
– Trivela
– fifa.com
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