30 de junho de 1966
POR WILSON BALDINI JR.*
Mike Tyson não acreditava que pudesse chegar aos 50 anos de idade. Das ruas do violento bairro do Brooklyn, em Nova York, o garoto pobre passou por casas de detenção e descobriu o boxe. Com um físico privilegiado, sagrou-se campeão mundial dos pesos pesados aos 20 anos. Assombrou o mundo com uma série de nocautes impressionantes por quatro anos, até perder a motivação e o título diante do azarão James Buster Douglas, em Tóquio, no Japão.
Tyson sofreu o maior “nocaute” de sua vida em 1992, ao ser condenado por estupro da modelo Desiree Washington e passou três anos na cadeia de Indiana. Voltou aos ringues, reconquistou o título mundial, mas nunca mais foi o mesmo. Ao ser derrotado por Evander Holyfield e morder as orelhas do adversário, perdeu também a credibilidade. Seguiu lutando por quase uma década, o que só fez diminuir sua aura de “homem mais mau do planeta”. Suas bravatas não assustavam mais os rivais e derrotas para os inexpressivos Danny Williams e Kenny McBride mancharam seu currículo.
Ao pendurar as luvas, tudo levava a crer que o fim de Tyson poderia ser o mesmo de Sonny Liston, morto misteriosamente em 1970, aos 38 anos de idade. E suas atitudes fora do ringue aumentavam essas suspeitas. Extremamente gordo, envolvido com drogas e falido financeiramente, o futuro do “Iron Man” se mostrava curto. Mas uma tragédia mudou a trajetória: a morte da filha Exodus, de 4 anos, asfixiada em casa na correia da esteira de ginástica.
A vida de Tyson mudou. Largou a bebida, as drogas e os calmantes. Tornou-se vegetariano, perdeu 40 quilos, casou-se com Lakiha, com quem cuida da filha Milan, e passou a não tirar mais o sorriso do rosto.
Tyson ganhou um seriado sobre pombos no canal Animal Planet, participou do filme “Se Beber, Não Case”, partes 1 e 2, foi protagonista de um filme sobre sua vida e viaja o mundo com o monólogo “The Undisputed Truth”, que já fez grande sucesso na Broadway, em Nova York, e tem apresentação prevista para o Uruguai e Argentina nos próximos dias 6 e 9 de julho.
Vida longa a Mike Tyson!
* Wilson Baldini Jr. é jornalista esportivo desde 1987. Trabalhou na Folha de S. Paulo, Jovem Pan, Jornal da Tarde, ESPN Brasil e no Estadão. Desde fevreiro é editor do Lance!. Cobriu as Copas de 2006 e 2010 e as Olimpíadas de 2008 e 2012. Fez a cobertura de 35 lutas internacionais e escreve sobre a nobre arte no Blog do Baldini.
“The Fallen Champ”:
“Beyond the Glory”:
Documentário da ESPN:
Documentário com cenas raras de Tyson:
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