Há 25 anos… dia 14 de abril de 1991.
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Por causa de Muller, este blogueiro aprendeu o significado da palavra “descartar”.
Nenhuma ligação com o talento do jogador, claro.
Craque camaleão, nascido velocista e explosivo, evoluído garçom e cerebral, com três Copas do Mundo no currículo, incluindo o tetra, em 1994. Um cracaço, que poderia até ter sido mais do que foi.
Sobre o “descartar”…
A negociação de retorno do atacante ao São Paulo, no início de 1991, foi uma verdadeira novela. Idas e vindas. Voltas e reviravoltas. Os primeiros meses do ano tinham sempre Muller na pauta do noticiário tricolor.
Tudo acompanhado de perto por este escriba aqui, à época um menino de 9 anos, recém-infectado pelo vírus chamado futebol. Na leitura diária do caderno de Esportes, a dúvida martelava: E aí? Muller vem ou não, eis a questão?
Certo dia, no rodapé do texto sobre o Clube da Fé, uma notinha: “a diretoria praticamente descartou a contratação de Muller”. Descartou? O que é isso?
“Mãe, o que é ‘descartou’?”, perguntou o menino. Examinando o contexto da notícia, a mãe explicou, curto e grosso: “Filho, acho que o Muller não vem mais para o São Paulo!”. Banho de água fria nos sonhos do menino!
Mas as negociações continuaram… e o final foi feliz: Muller voltou do Torino para o clube que o revelara. E o menino iria conseguir ver de perto aquele craque de quem seu pai e o irmão mais velho tanto falavam.
Vinte cinco anos atrás, a reestreia do velho camisa 7 teve gol da vitória e reencontro com a torcida são-paulina.
“Centenas de torcedores, incentivados pela diretoria, invadiram ontem o vestiário do São Paulo em busca de um velho ídolo. Luís Antônio Corrêa, o Muller, símbolo da geração “Menudo”, voltou ao time no qual foi revelado em grande estilo. Apesar de estar longe da sua melhor forma, marcou o gol da vitória por 1 a 0, sobre a Portuguesa, no Morumbi.”, escreveu Fernando Santos – futuro editor do menino! -, na Folha de 15 de abril de 1991.
Uma reestreia em grande estilo, de fato. Ali, Muller já dava mostras da transformação do caráter de seu jogo. Sem a forma física adequada – por causa do litígio com o clube italiano e o longo tempo sem atuar -, toques de primeira, sem firulas, leitura global do jogo, inteligência no posicionamento, faro de gol.
Aos 30 do segundo tempo, ele mostrou (quase) tudo isso. O cruzamento de Leonardo, da esquerda, foi para os pés de Elivélton, que carimbou o travessão de Ênio. A pelota subiu e o lateral-esquerdo a recolocou na área. Afável, ela procurou o camisa 7. Bem postado, frio, Muller tocou de chapa, com o pé esquerdo, e anotou o gol da vitória sobre a Lusa.
O São Paulo assumia a vice-liderança daquele Campeonato Brasileiro, do qual seria campeão, em junho.
E o menino aprenderia que um craque como Muller não se pode descartar nunca!
O gol da vitória, na narração de Léo Batista:
Fontes e +MAIS: