René Higuita, 50 anos

27 de agosto de 1966

René Higuita, 50 anos

José René Higuita Zapata. Ou simplesmente Higuita. Também conhecido como “El Loco”. Sem dúvida, um dos personagens mais interessantes e icônicos da História do Futebol.

Há cinco décadas, nascia em Medellín o menino que revolucionaria a posição de goleiro. Não, ele não foi só o “Escorpião” aí da foto. Ou o drible errado em Milla, na Copa de 90. Higuita superou muitos obstáculos, como a baixa estatura para um goleiro (apenas 1,76m), e trilhou uma estrada tão brilhante e improvável quanto o lance que inventou e imortalizou no mítico Wembley.

A infância foi dura, no bairro pobre de Castilla, em Medellín, e criado pela avó, Ana Felisa. A mãe, María, faleceu alguns anos após o seu nascimento. Higuita não chegou a conhecer o pai. Para ajudar a avó no sustento da casa, trabalhou como vendedor de jornais e em outros bicos.

Segundo dizem, teve seu primeiro destaque em um jogo da escola, uma disputa que escolheria os melhores para uma peneira no Independiente Medellín. Então artilheiro do time, Higuita foi para o gol, substituindo o titular, lesionado. Nunca mais largaria a meta.

O começo da carreira profissional foi no Millionarios, em 1985, aos 19 anos. Depois de destaque em seleções de base da Colômbia, Higuita chegou ao elenco tricolor na última temporada do titular, o argentino Alberto Vivalda, conhecido por jogadas arriscadas com os pés. Foi Vivalda o professor e de quem ele herdaria o apelido de “El Loco”.

Em 1986, Higuita chegou ao Atlético Nacional de Medellín, clube em que viveria o auge no futebol. Com um timaço treinado por Francisco Maturana, os verdolagas venceriam a Copa Libertadores de 1989, o primeiro título do torneio continental de um clube colombiano (história muito bem contada aqui por Pedro De Luna!).

Após curta passagem pelo Valladolid, da Espanha, retornou ao Nacional, foi campeão colombiano em 1994 e vice da Libertadores em 1995, quando a equipe acabou derrotada nos pênaltis na decisão contra o Grêmio. Nessa edição, ele marcaria um golaço de falta, no jogo de ida das semifinais, contra o River Plate, em Medellín.

A trajetória na seleção colombiana começou na Copa América de 1987, edição em que os cafeteros terminaram na terceira colocação. A partir daí, virou titular absoluto. Dois episódios marcam sua passagem com a camisa da Colômbia.

Primeiro, na Copa do Mundo de 1990. Ele ajudou a seleção a se classificar para um mundial depois de 28 anos. Na Itália, porém, após boa primeira fase, na qual foi um dos destaques, acabou fazendo lambança ao tentar driblar o atacante camaronês Roger Milla e entregar o segundo gol aos africanos, na prorrogação das oitavas de final. Foi apontado como responsável pela eliminação colombiana após a derrota por 2 a 1.

O outro momento, claro, é o “Escorpião”, em 1995. Por causa de um lance extraordinário, Higuita conseguiu colocar na História um amistoso chocho entre Colômbia e Inglaterra, um 0 a 0 para 20 mil pessoas no lendário estádio de Wembley, em Londres. Uma jogada imortal.

A vida de René Higuita também teve capítulos polêmicos e estranhos. O mais surreal foi a prisão por ligação com um sequestro que envolvia o cartel de Medellín de Pablo Escobar, de quem o goleiro era amigo declarado. Por causa disso, Higuita ficou mais de seis meses preso e não foi à Copa de 1994.

Mas terminemos a singela homenagem lembrando que René Higuita foi um revolucionário no gol e um grande personagem do futebol.

Além da irreverência, do jeito único de atuar, saindo da meta e jogando com os pés (bem antes da mudança da regra, aliás!), Higuita também anotou muitos gols: foram 44, segundo levantamento da IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísica do Futebol).

Ele pendurou luvas e chuteiras em 2010, no estádio Atanasio Girardot, casa do Nacional de Medellín. Diante de 30 mil torcedores, Higuita fez gol e também executou o “Escorpião” pela última vez.

Hoje, ele é ativo no Twitter e aparece de vez em quando no noticiário.

Que venham mais 50 anos para “El Loco”!

Em tempo: grande texto do Leandro Stein na Trivela, citando este post. Leia aqui!

Pênaltis da final da Libertadores de 1989:

O “Escorpião”:

A habilidade de “El Loco” com os pés, em vídeo do canal Futebol o Grande:

A despedida do futebol:

Fontes e +MAIS:

– Wikipedia(espanhol)

– Wikipédia

– goal.com/br

– terceirotempo.bol.uol.com.br

– esportes.terra.com.br

– pasionfutbol.com

– trivela.uol.com.br

– torcedores.com

– dailymail.co.uk

Fala!

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.