Há 85 anos… dia 3 de novembro de 1930.
A Revolução de 1930 derrubou a República Velha e colocou no centro da política talvez o mais marcante personagem da História do Brasil no século XX: Getúlio Dornelles Vargas.
Há exatos 85 anos, a 3 de novembro de 1930, ainda que tomando posse do chamado Governo Provisório, o gaúcho de São Borja dava o primeiro passo do período posteriormente conhecido como Era Vargas. Até 1945, GV foi o chefe do Brasil.
Mas a Era Vargas é papo para outro post… Hoje é dia de tentar resumir em algumas linhas como ele chegou ao poder. Vamos lá.
De 1889 até 1930, o Brasil viveu a época da República Velha, compreendida entre a data da proclamação, em 15 de novembro, e a posse de Getúlio como novo chefe de estado, há oito décadas e meia.
Historiadores costumam dividir esses 41 anos em dois blocos. Em um primeiro momento, houve a República da Espada, com liderança de setores do exército de tendência centralizadora. No segundo momento, a partir de 1894, foi a vez da República Oligárquica, na qual as elites do Sul e do Sudeste, em especial São Paulo e Minas Gerais, se alternavam no poder. Era a política do café com leite, em referência aos produtos exportados pelos dois estados.
O início do fim da República Oligárquica e, em conseqüência, da República Velha, deu-se em 1929. A quebra da Bolsa de Nova York e a crise econômica mundial afetaram demais as exportações de café e comprometeram a balança comercial brasileira.
Além da turbulência na economia, a política local sofreu abalos quando São Paulo e Minas Gerais divergiram com relação à sucessão presidencial. O paulista Washington Luís indicou Júlio Prestes, governador de São Paulo, para seu sucessor. Minas Gerais esperava que Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, então governador do estado, fosse o indicado. Houve a quebra da dinâmica que sustentou a política nacional em mais de 30 anos.
Então, 17 estados do Brasil ficaram com Júlio Prestes, incluindo São Paulo, é claro. Do outro lado, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e a Paraíba se uniram para formar a Aliança Liberal, que tinha ainda alguns políticos de oposição de vários estados, incluindo São Paulo. Ficou decidido que Getúlio Vargas seria o adversário de Prestes, com o paraibano João Pessoa como vice da chapa.
O pleito de 1º de março de 1930 colocou Júlio Prestes na presidência, com mais de 300 mil votos de diferença sobre Getúlio. A Aliança Liberal não aceitou o resultado e iniciou um movimento conspiratório, a partir do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais.
O assassinato de João Pessoa em Recife – por motivos alheios à política, é verdade –, a crise econômica e o descontentamento popular, entre outros fatores, criaram clima favorável para um golpe.
Em 3 de outubro, o movimento eclodiu, no Sul, em Minas, na Paraíba e no Paraná. Em apenas três semanas, as forças lideradas por Getúlio Vargas vencem. No dia 24, derrubam o presidente Washington Luís e impedem a posse de Júlio Prestes, marcada para 15 de novembro.
Apenas um mês depois, Getúlio Vargas toma posse, no Palácio do Catete, no Rio, como chefe do Governo Provisório. Ele travaria – e venceria – um segundo e último round com os paulistas dois anos depois, na Revolução Constitucionalista de 1932.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Boris Fausto e a Revolução de 1930:
Fontes: