Há 20 anos… dia 4 de novembro de 1995.
Em seu último discurso, Yitzhak Rabin usou 28 vezes a palavra “Shalom” – “Paz”, em hebraico.
Diante de mais de 100 mil pessoas reunidas na Praça Reis de Israel – hoje Praça Rabin -, em Tel Aviv, em comício para celebrar (justamente) a paz, o primeiro-ministro pediu permissão para dizer que estava emocionado e agradeceu a todo e cada um que ali estava.
“Este governo, do qual sou privilegiado de liderar, junto com meu amigo Shimon Peres (na foto, à esquerda), decidiu dar uma chance a paz – to give peace a chance! – a paz que resolverá a maioria dos problemas de Israel”, disse, abrindo a fala.
Uma oratória com pouco mais de 600 palavras (ao menos na tradução do hebraico para o inglês), permeada pela conciliação.
Rabin exaltou o momento único de Israel, garantiu que sempre acreditou no caminho oposto à violência, citou a reaproximação do estado hebraico com o Egito, a Jordânia e o Marrocos, e, principalmente, reiterou que havia encontrado um parceiro pela paz: a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de Yasser Arafat.
“Há inimigos da paz que estão tentando nos prejudicar, a fim de torpedear o processo de paz. Eu quero dizer, sem rodeios, que nós encontramos um parceiro para a paz também entre os palestinos: a OLP, que era um inimigo, e deixou de se envolver em terrorismo. Sem parceiros para a paz, não pode haver paz. Vamos exigir que eles façam a parte deles para a paz, assim como faremos nossa parte para a paz, a fim de resolver o aspecto mais complicado, prolongado e emocionalmente carregado do conflito árabe-israelense: o conflito palestino-israelense”, afirmou, para aplausos da massa presente.
Por fim, Yitzhak Rabin lembrou que o caminho para a paz tem dificuldades, mas que, para Israel, não existe estrada sem dor. “O caminho da paz é preferível ao caminho da guerra”, disse, ressaltando seu passado como um militar e seu presente como Ministro da Defesa, como um líder que vê a dor das famílias dos soldados do exército.
“Esse encontro deve enviar uma mensagem para o povo de Israel, ao povo judeu em todo o mundo, para as muitas pessoas no mundo árabe, e, de fato, para o mundo inteiro: que o povo de Israel quer a paz, quer apoiar a paz. Por isso, eu agradeço a vocês”, terminou.
Pouco depois, no caminho para o carro, Yitzhak Rabin foi assassinado por tiros da arma de Yigal Amir, estudante de direito e ultranacionalista contrário ao processo de paz.
Em 4 de novembro de 1995, a paz morreu junto com o Nobel da Paz de 1994.
Hoje, duas décadas depois, a intolerância, a violência e a segregação venceram. Nunca houve distância tão grande para a paz.
Mas essa (longa) história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
O assassinato de Yitzhak Rabin:
O discurso:
Fontes e +MAIS:
– dw.com
– cnn.com