29 de janeiro de 1966
Romário de Souza Farias.
Impossível sintetizar, em um post, tudo o que foi o Baixinho em campo.
Em um gol? Ô loco, diria Faustão, mais difícil ainda! A idiossincrasia (ou heresia?) deste escriba: o primeiro dele e do Brasil na Copa de 1994, contra a Rússia. É a tradução do craque: posicionamento, técnica, definição. Toque sutil, com o lado de fora do pé. Jogada de sinuca, como escrevi aqui.
Em um drible? Pô, merrmão, tá de sacanagi? Ele tem um festival infindável de dribles improváveis, mas aquele elástico contra o Amaral, no Pacaembu, em 1999, é imbatível. Pobre Amaralzinho!
Em um lance? A picardia e a malandragem ímpares de um gênio. Branco cabeceia a bola da defesa, afastando o perigo. Em posição adiantada, Romário “se faz de morto” e deixa a pelota chegar ao parceiro Bebeto. Resultado: Brasil 2 x 0 Holanda, no gol “embala-nenê”, pelas quartas de final da Copa de 1994.
Em uma frase? “O Gênio da Grande Área”, criada por outro mito do futebol, Johan Cruyff, treinador do Baixinho no Barcelona. Melhor, impossível. Esse lance, apenas.
Implacável, imprevisível, infernal, intocável, irretocável, genial.
Vasco, PSV Eindhoven, Barcelona, Flamengo, Valencia, Fluminense, Al-Sadd, Miami, Adelaide United… Seleção brasileira!
Vinte e três anos de futebol. O mais especial, claro, 1994.
“A Copa dos Estados Unidos é conhecida universalmente como a ‘Copa do Romário’, e são raros os jogadores que têm seu nome associado, de forma tão automática, à glória maior da vida de um futebolista”, escreveram André Kfouri e PVC, no perfil do Baixinho em Os 100 melhores jogadores brasileiros de todos os tempos.
Sim, talvez somente Maradona e Garrincha carreguem o mesmo feito no currículo – El Pibe pela de 1986, Mané por 1962. Três gênios do futebol, que escreveram suas trajetórias de modo bem particular.
O aniversariante do dia nunca escondeu o gênio forte. Sempre soube o que queria, como queria e quando queria. Tinha de ser nos seus termos. Treino? Não preciso. Noite? Gosto! Time? Não penso, quero é fazer gol! Técnico? O bom é aquele que não atrapalha.
Por essas e outras, Romário colecionou inimigos. Nunca se preocupou com isso. De novo: nunca escondeu qualquer coisa de ninguém. “Sou autêntico, real, claro e difícil”, cravou, antes da Copa dos EUA, certamente o momento em que teve mais sentido coletivo em toda a carreira. “Se acontecer um resultado negativo, o culpado sou eu”, garantiu, chamando toda a responsabilidade pra si.
Autêntico e genial. Um Macunaíma dos gramados, craque sem nenhum caráter.
Alguns anos atrás, ele disse que Ronaldinho Gaúcho era o último romântico do futebol.
Pois Romário foi o último boleiro do futebol. Marrento, parecia displicente e indiferente ao criar a magia e o impossível em campo.
Ele podia. Afinal, ele era – e ainda é – o cara!
P.S.: Tem muita coisa boa nos links sobre o cinquentenário do Baixinho! Clica lá, Peixe!
Fontes e +MAIS: