Há 20 anos… dia 5 de novembro de 1994.
“I exorcised the ghost, once and forever. Heavyweight champion of the world.”
A noite da redenção.
Careca, menos músculos, quase quinze quilos a mais na barriga, vinte anos a mais nas costas. Do “Rumble in the Jungle”, duas décadas atrás, uma singela lembrança: o calção, em tom vermelho desbotado, marca da História.
História que ele reescreveu naquele 5 de novembro de 1994.
Ali, George Foreman “matou” Ali. Um fantasma que o assombrou por anos.
“Eu exorcizei o fantasma, de uma vez por todas. Campeão dos pesos pesados”, disse, depois de derrotar Michael Moorer e entrar para a História do boxe como o mais velho campeão dos pesados.
Vinte anos separaram “The Fight” para “One for the Ages”, como ficou conhecido o encontro entre Foreman, 45 anos, e Moorer, quase 27.
E naquela noite em Las Vegas, Foreman foi Ali no Zaire. Diante de um ágil e forte campeão – cartel de 35-0 – o pesado e lento desafiante aguentou as porradas por 9 rounds, dos quais 7 foram vencidos pelo favorito Moorer. Exatamente como Ali fez com ele, em 1974.
De vez em quando, o experiente dava seus golpes, ainda fortes, mas não o bastante para ameaçar o campeão.
Mas veio o round 10. Como em Kinshasa, o campeão estava cansado. O desafiante, inteiro. Foreman, dessa vez, “vestia” outro papel.
O gongo soou. Solto, o velho lutador começou a distribuir jabs de esquerda no jovem e fatigado Moorer. Cruzados e ganchos de direita. Respostas firmes do campeão, sem muito efeito. O round estava para Foreman, diziam na transmissão.
A 1:20 do fim, ele solta um cruzado de direita no vazio e outro de esquerda em vão. Na sequência, dois golpes firmes, pesados, colocam Moorer na lona.
O campeão ergue a cabeça duas vezes, enquanto ouve a contagem, tenta se levantar, mas parece grudado ao chão.
No corner, Foreman observa. Ao final da regressiva, ergue os olhos para o céu, como se recordasse da luta contra Ali. Vira-se de costas, dobra os joelhos, coloca os braços nas cordas e agradece.
“Aconteceu! Aconteceu!”, grita o narrador. “Eu não acredito nisso”, completa, estupefato, o comentarista.
Sim, aconteceu.
Vinte anos depois, a redenção de um campeão.
“Qualquer coisa que você deseje, você pode fazer acontecer”, exclamava o novo-velho campeão.
Épico.
George Foreman vs Michael Moorer:
Fontes: