Há 25 anos… dia 17 de maio de 1989.
POR DÃO ALMEIDA*
A antiga Copa da UEFA, que hoje é Liga Europa, foi disputada de 1972 a 2009, pelos segundos, terceiros e quarto colocados dos campeonatos nacionais do Velho Continente. Havia também um ranking que poucos entendiam. De 1972 a 1998, as finais eram jogadas em sistema de ida e volta. Um jogo na casa de uma equipe, outro confronto na casa da outra.
Foi em dois jogos que o grande Napoli de Maradona, Careca, Alemão, Fernando de Napoli (conhecido como Rambo, por sua semelhança com Sylvester Stallone) conquistou a Copa da Uefa 1988-1989, batendo o Stuttgart.
Para chegar à decisão, o time italiano passou por Bordeaux (1-0 e 0-0), pela grande Juventus, em um sensacional duelo das quartas-de-final (0-2 e 3-0 – com gol no último minuto da prorrogação!), e pelo sempre forte Bayern de Munique (2-0 e 2-2). Já o Stuttgart deixou pra trás o Dínamo Zagreb (3-1 e 1-1), o FC Groningen-HOL ( 3-1 e 2-0), a Real Sociedad nos pênaltis, depois de 1-0 e 0-1, e o Dynamo Dresden, com 1-0 e 1-1.
O Napoli era um time badaladíssimo. Maradona tinha ganhado a Copa do Mundo de 1986 para a Argentina carregando o time nas costas. Careca era o melhor jogador brasileiro em atividade. Com a contratação do Pibe e de outros bons jogadores, o time do sul da Itália entrou no hall dos grandes da Europa. Ganhou o Scudetto (Campeonato Italiano) pela primeira vez em sua história na temporada 86-87 e ganharia mais uma vez em 89-90. O alemão Stuttgart tinha o prolífico goleador Jürgen Klinsmann, que seria campeão do mundo com a Alemanha pouco mais de um ano depois daquela final.
O primeiro jogo, no Estádio San Paolo, em Nápoles, foi bastante travado e terminou com uma vitória suada do time da casa por 2-1, com gols de Gaudino para o Stuttgart, de Maradona, de pênalti, e de Careca, aos 42 minutos do segundo tempo. Emocionante!
A finalíssima, em Stuttgart, no belíssimo Neckarstadion, completamente tomado, com 67 mil pessoas, foi sensacional. Os anfitriões partiram pra cima desde o início e atacavam sem parar. Mas o Napoli, time leve e rápido no contra-ataque, não demorou a abrir o placar com Alemão – que não era de fazer gols -, aos 18 minutos. Klinsmann empatou de cabeça aos 27, para delírio dos alvirrubros. O Stuttgart se mandou para frente e a defesa, pesadona, acabou cedendo dois gols, um do lateral Ferrara, com passe de cabeça de Maradona, aos 39, e outro com Careca, sempre ele, encobrindo o goleiro depois de outro passe do Pibe, aos 17 da segunda etapa.
Sempre com a personalidade ariana de nunca desistir, os alemães, dirigidos pelo técnico holandês Arie Haan, duas vezes vice-campeão mundial como jogador pela Holanda e que quase havia matado a Itália em 1978 com dois gols de longe, ainda fizeram o segundo gol, aos 25 do segundo tempo, e se mandaram ao ataque. A um minuto do tempo regulamentar, fizeram o gol de empate, em um erro grotesco da defesa italiana. O empate não bastava. No agregado, deu Napoli: 5-4.
Esse ainda é o título mais importante da gloriosa história do Napoli. Aquela equipe de Maradona, Careca e Cia. era chamada de “fantasista” pela revista Guerin Sportivo, ou seja, atacava muito, fazia muitos gols, mas deixava o oponente jogar. A conquista da UEFA foi um prêmio a Maradona e Careca, dupla que ainda faz os tifosi napolitanos suspirarem.
Maradona ainda teria mais alguns anos de glória antes de terminar sua carreira melancolicamente em equipes de menor expressão.
Mas naquele Napoli ele era o Rei.
* Dão Almeida é boleiro e já assistiu a mais de 700 jogos ao vivo. Santista de coração, mas amante do bom futebol, foi assíduo frequentador de estádios nos anos 1970 e 1980. Gosta de assistir a jogos de qualquer time, não só do Santos. Hoje reside com esposa e filho nos Estados Unidos, onde exerce, entre outras atividades profissionais, a função de treinador de futebol, especializado em desenvolvimento técnico e de fundamentos para atletas abaixo de 14 anos. Saiba mais no blog.
Veja os gols da partida final da Copa da UEFA de 1989:
Fontes:
– uefa.com