Santos é bicampeão do mundo

Há 50 anos… dia 16 de novembro de 1963.

16nov13

 POR ROBERTO FIGUEIREDO MELLO*

Quinta-feira, 14 de novembro de 1963

Uma família inteira de são-paulinos roxos, pai, mãe e três meninos, diante da tela de uma pequena TV Invictus branco e preto, torcendo, como se fosse o São Paulo, para o Santos, que tinha de ganhar do Milan para conquistar o Bi Mundial.

Não um Milan qualquer, mas o de Rivera, Maldini, Trapattoni, e dos brasileiros Altafini, o Mazzola da Copa de 58, e de Amarildo, que tinha feito dois na vitória por 4 a 2 no jogo do SanSiro.

Pelé havia feito os dois do Santos e antes, na Libertadores, havia destruído o Boca no Pacaembu e depois em plena Bombonera.

Só que desta vez, contundido, ele não jogaria.

O jogo foi épico!

Primeiro tempo, Milan 2 a 0.

Começa o segundo, debaixo de uma abençoada chuva torrencial, e o Santos faz 4, dois de Pepe, cobrando faltas com seu canhão, um de Almir e um de Lima.

Estava garantido o terceiro jogo para dois dias depois, sábado, no mesmo Maracanã.

Voltemos à família tricolor.

O mais velho dos meninos, 15 anos, vai dormir leve, pois iria, no dia seguinte, feriado de 15 de novembro, para o Rio, defender o Colégio São Luis, de São Paulo, contra os jesuítas do Santo Inácio, do Rio.

Foi um turbilhão de emoções – a viagem, o jogo de futebol contra os cariocas, um animado 6 a 6, e a surpresa maior…!

O padre havia conseguido ingressos para aquela noite no Maracanã.

Padre Lisboa e “Seu” Palmer, o vigilante, queridíssimo dos alunos, ex-jogador profissional do Corinthians – os autores desse presente inesquecível.

O menino tem muito viva a lembrança daquela noite, da chegada ao Maracanã, da festa que os cariocas faziam, totalmente fascinados pelo Santos, razão da escolha do local das finais.

O jogo foi duríssimo, muito truncado, cheio de faltas.

Duas expulsões: Ismael, lateral do Santos, que deu uma cabeçada em Amarildo, e o capitão Maldini, do Milan e da seleção italiana, façanhas repetidas por seu filho anos depois.

Almir, que substituiu Pelé nas duas partidas, entrou e provocou os italianos do começo ao fim do jogo.

O terrível Almir, o “Pelé branco”, que havia jogado no Vasco e no Corinthians antes de ir para o exterior.

Sofreu o pênalti que Dalmo converteu e depois foi fazer embaixadinhas na bandeirinha do escanteio, de costas para os zagueiros italianos.

Mais tarde, Almir confessou em suas memórias publicadas pela revista Placar que tomou “bola”, como se dizia na época, para jogar aquela partida.

Morreu como viveu; muito cedo, numa briga de bar em Copacabana, em 1973.

E o Santos deu a volta olímpica no Maracanã debaixo dos olhos do menino!

O menino hoje tem 65 anos, continua mais são-paulino do que nunca e ainda convive com muitos dos amigos que estiveram com ele nessa memorável viagem ao Rio de Janeiro.

Essa história serve também para explicar porque toda essa geração torcia pelo Santos como se fosse para seu próprio time!

Quarenta anos depois, o menino viu, pela TV, o seu São Paulo ser bicampeão do mundo, contra o mesmo Milan… E se emocionou de novo!

Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.

*Roberto Figueiredo Mello é advogado, paulistano e são-paulino. Além do futebol, adora música, cinema, literatura e, principalmente, a companhia da família e dos muitos amigos que fez ao longo da vida. 

Veja um especial sobre o título do Santos de 1963:

+MAIS: Especial da Folha sobre os 50 anos do bicampeonato mundial do Santos

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