Há 40 anos… dia 10 de setembro de 1977.
“O pedido deste último cigarro trouxe de volta a realidade, a ‘identidade’ do tempo que acabava de passar. Tínhamos sido pacientes, esperado por vinte minutos, enquanto o prisioneiro, sentado, expressava desejos que nós imediatamente concedíamos. Nós lhe permitimos ser o mestre de seu tempo. Era esse o seu poder. Agora, outra realidade estava aparecendo. Aquele tempo estava sendo levado de volta dele. O último cigarro foi negado, e para terminar logo com tudo, ele estava sendo apressado a terminar o copo [de rum]. Ele bebeu o último gole. Passou o copo para o guarda.”
Na descrição, os momentos finais da vida de Hamida Djandoubi, o último homem a ser executado pela guilhotina, 40 anos atrás.
As palavras são da assistente de juiz Monique Mabelly, designada para testemunhar a morte do tunisiano, na prisão de Baumettes, em Marselha, no Sudoeste da França.
Djandoubi, um trabalhador rural de 28 anos, tinha sido condenado a pena capital por violentar, torturar e assassinar a companheira de 21 anos.
À época, a decisão do presidente francês Valéry Giscard d’Estaing de negar clemência ao criminoso reacendeu o debate em torno da pena de morte e, em especial, sobre o uso da guilhotina no país.
A polêmica ficou ainda mais quente depois que apareceram boatos sobre Djandoubi ter permanecido consciente mesmo após o golpe da lâmina, segundo relato de um médico presente na execução.
Quatro anos depois, a França aboliu a pena de morte e a guilhotina, um símbolo durante o chamado Período do Terror da Revolução Francesa, nunca mais foi usada.
A última execução pública no país acontecera em junho de 1939, quando o alemão Eugen Weidmann foi morto em Versalhes.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Documentário francês sobre a última execução:
Marcel Chevalier, o último algoz:
Fontes e +MAIS: