Há 50 anos… dia 7 de agosto de 1967.
“Cansado, algemado, com paletó azul-claro, calça amarela de veludo, camisa branca, colete vermelho e sapatos cor de café, com fivelas, o bandido da lanterna vermelha – que era aguardado por grande número de delegados, repórteres, investigadores e alguns curiosos que se faziam passar por jornalistas – entrou no DI às 6h45 de hoje, escoltado por cinco policiais da Delegacia de Roubos de Curitiba, onde foi preso ontem à noite”.
O bandido que virou filme, o primeiro longa do grande Rogério Sganzerla (completo, no vídeo lá embaixo).
João Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha.
Meio século atrás, a caçada de mais de três meses ao célebre criminoso terminava. Uma epopeia esmiuçada em todos os detalhes na edição da tarde da Folha de S. Paulo de 8 de agosto de 1967.
Foi um “amigo” que informou a Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba sobre o paradeiro de João. Conta o Estadão:
A prisão
Às 18 horas, 4 agentes da DFR dirigiram-se para residência localizada no bairro “Estribo Ahu” e, como o bandido não se encontrasse em casa, os policiais invadiram o seu dormitório, apreendendo três revólveres que ali se encontravam. A seguir, os policiais esperaram-no na casa. Às 19 e 45, o assaltante chegou e, ao entrar na residência, foi agarrado pelos policiais. Tentou fugir, não conseguiu e foi imediatamente algemado. “Se eu estivesse armado, teria matado todo mundo, pois já matei seis”, declarou ao ser preso e dominado pelos policiais.
Não era mentira.
Em seis anos de crimes, o natural de São Francisco do Sul, Santa Catarina, órfão dos pais aos 4 anos, cometeu 77 assaltos, além de quatro assassinatos e outras sete tentativas de homicídio.
Uma trajetória meio “O Médico e o Monstro”.
De dia, João era um pacato morador de Santos, onde tinha apartamento adquirido com o dinheiro dos assaltos. De noite, colocava o chapéu na cabeça e o lenço vermelho no rosto, estilo Velho Oeste, além da indefectível lanterna rubra no bolso, vinha para São Paulo e se transformava no Bandido da Luz Vermelha.
Então, cortava a eletricidade das mansões da capital paulista, entrava descalço e fazia o rapa. Reza a lenda que, quando encontrava moradores das casas, gostava de ficar conversando. Dizem que os anfitriões até cozinhavam pra ele!
João acabou condenado a 351 anos, 9 meses e 3 dias de reclusão em regime fechado. Cumpriu 30, limite de encarceramento da lei brasileira.
Em 26 de agosto de 1997, deixou a prisão.
Quatro meses e vinte dias depois, foi assassinado durante uma briga de bar.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Foto: o famoso criminoso, minutos depois de chegar à delegacia de Curitiba, em registro que foi pra capa da edição da tarde da Folha.
O filme de Sganzerla:
Fontes e +MAIS: