Há 40 anos… dia 12 de fevereiro de 1977.
“Que o 40º aniversário de Animals chegue logo após a mais polêmica posse presidencial na história americana – nomear um homem que é a caricatura mais morbidamente precisa de um porco mau para o mais alto cargo de nossa nação – é o tipo de ironia que Floyd se especializou.”
Em cirúrgica e profunda análise, Ron Hart reforça a atualidade do 10º álbum de estúdio do Pink Floyd.
Animals tem tudo a ver com o presente. A alegoria do disco, inspirado em “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell (sempre ele!), se torna apocalíptica realidade neste 2017. Triste ironia antecipada por Roger Waters, que, ali, assumia o leme criativo da banda.
Liderança egocêntrica, centralizadora, despótica até, como bem cutuca Hart no artigo do observer.com:
“Mas talvez a onda mais profunda de ironia seja o próprio Waters. Ele deve certamente perceber hoje, com mais de 70 anos de idade, que também é o porco em seu próprio direito. Um ‘bus stop rat bag’ da mais alta ordem, a pegada megalomaníaca que ele impôs sobre o Pink Floyd quando começou a trabalhar nas demos de The Wall é a prova mais cabal disso.”
Realmente, o baixista entrou em uma ego trip pesada, sem deixar espaço aos outros, sem deixar dúvida sobre quem mandava na banda.
A despeito de todo esse delicado contexto, Animals é um discaço.
“Pigs” (Three Diferent Ones)”, faixa de número 3 de um total de 5, sintetiza tanto o conceito quanto a pegada melódica do álbum. Uma letra ácida, totalmente política, acompanhada de guitarra nervosamente funkeada de David Gilmour, da bateria suingada de Nick Mason, das teclas espaciais de Rick Wright, sem esquecer do baixo pesado do próprio Roger Waters.*
Um trabalho subestimado, esmagado entre a sucessão de três bombas comerciais, Dark Side e Wish You Were Here antes, The Wall depois. Ficaria muito mais marcado pela espetacular capa – sobre a qual já falamos aqui – do que pela música em si.
Para os fãs, uma espécie de tesouro enterrado, como bem definiu Jeremy Neugebauer em texto no alternativenation.net.
Dois anos depois de Animals, o Pink Floyd, ou melhor, Roger Waters apresentaria ao mundo o seu muro. Outro disco assustadoramente atual.
Mas sobre The Wall a gente escreve outro dia… Porque todo dia é histórico.
*Ainda bem que o blog tem leitores atentos. Willian Richard Dos Santos alertou no Facebook que David Gilmour assumiu o baixo no álbum. Corretíssimo. Ele tocou o instrumento em “Pigs (Three Different Ones)” e “Sheep”. Muito obrigado, Willian!
Animals, completo:
Fontes e +MAIS:
Um comentário sobre “Pink Floyd lança Animals nos Estados Unidos”