Termina o Plano Marshall

Há 65 anos… dia 31 de dezembro de 1951.

Termina o Plano Marshall

POR ARTHUR MELLO*

Não existe almoço grátis. A frase, de autor desconhecido, foi popularizada pelo liberal (e genial) Milton Friedman nos anos 1970. Não seria nenhum exagero afirmar que a clássica frase é mais utilizada nos Estados Unidos. É como se fosse um mantra para muitos americanos.

Porque então, em 1947, os Estados Unidos iniciaram um plano de ajuda aos países europeus que custaria aproximadamente 13 bilhões de dólares – ou 5% de seu produto interno bruto? Tax payer money, como eles gostam de falar. Para termos uma ideia de comparação, 5% do PIB hoje são o equivalente a 850 bilhões de dólares ou o valor de mercado da Microsoft e do Facebook, juntos.

Para uns país que entrou na Segunda Guerra Mundial apenas em seus últimos momentos, uma ajuda desse tamanho é certamente intrigante e, ao mesmo tempo, simples de entender. O plano de ajuda foi batizado Marshall, em referência ao secretário de Estado Americano à época, George Marshall, e compreendia não apenas auxílio financeiro, mas também transferência de tecnologia e regulamentação. Como não existe almoço grátis, a contrapartida viria de algumas formas. Do ponto de vista econômico, a retirada de barreiras alfandegárias. Não deixa de ser uma ironia constatar que uma intervenção antiliberal, a injeção de recursos do Estado na economia, tinha como objetivo reformas pró-mercado nas economias europeias.

Esse tipo de atuação do Estado é bastante recorrente, e sempre cercada de controvérsias. Quem são os setores escolhidos para a transferência de riqueza do setor público para o privado? Essa ajuda é necessária? Não seria mais eficiente deixar o mercado regular os perdedores e os vencedores? Os tempos mudam, mas os assuntos não. Os limites da atuação estatal na economia, desde a crise de 2008, são discutidos mais do que nunca. É um debate difícil. Infelizmente, as vozes que deveriam ser escutadas na questão, geralmente, são silenciadas por manchetes erradas, discursos demagógicos e desonestos intelectualmente. É a tal da pós-verdade que impera nos dias atuais, um cenário no qual as pessoas se informam via Facebook e não perdem 30 segundos para checar uma informação, uma fonte.

Obviamente, a intervenção americana na Europa não se resumia apenas ao campo econômico. Se a proeminência dos Estados Unidos na economia global já era uma realidade, a influência cultural e política ainda não. E foi precisamente após a Segunda Guerra que todo o arcabouço foi construído. A atual OMC, o Banco Mundial e o famigerado (para nós, brasileiros) FMI foram criados nos anos 1940 e serviram (e servem até hoje) como fator decisivo de influência dos Estados Unidos perante o mundo.

Por fim, a ameaça comunista estava começando. E os países sob influencia da extinta União Soviética apresentavam taxas altíssimas de crescimento econômico. Com uma Europa destruída e com falta de bens básicos, a tentação seria grande. George Marshall não deve ter encontrado muitas dificuldades em expor argumentos suficientes para convencer a Câmara, o Senado e o presidente Truman a seguirem com o plano.

Se no dia 31 de dezembro de 1951, o Plano Marshall terminava oficialmente, a doutrina Truman ainda seguiu seu caminho por muitas décadas, até o fim do comunismo soviético.

A partir de janeiro de 2017, estaremos sob o Big Stick da doutrina Trump, mas essa história, que, infelizmente, será contada daqui a alguns, anos fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.

* Arthur Mello é engenheiro e economista. Mente aberta, mas muito preocupado com a nova ordem do mundo sob o regime econômico de Donald Trump.

Documentário sobre o Plano Marshall:

Fontes e +MAIS:

– Wikipedia

– Wikipédia

– history.com

– uol.com.br/historiaviva

– mundoeducacao.bol.uol.com.br

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