Há 20 anos… dia 15 de dezembro de 1996.
A bola chutada por Aílton passou rente à coxa direita.
De costas para o lance, de frente para a meta de Clemer, ele viu a redonda estufar as próprias redes.
Instantaneamente, o corpo desabou no gramado do Olímpico.
Uma imagem simbólica. O camisa 5 caído. O capitão vencido.
Era o fim do sonho. A taça do Campeonato Brasileiro de 1996 ficaria em Porto Alegre. Mais uma para a sala de glórias do Grêmio.
Nunca a Portuguesa chegara tão perto de uma conquista desse tamanho. Jamais a Lusa alcançou novamente uma final da elite do futebol nacional. Possivelmente, não atingirá de novo.
No post sobre os 50 anos de Oleúde José Ribeiro, o Capitão, um dos maiores símbolos da quase centenária História da Associação Portuguesa de Desportos, a dura narrativa do fim do sonho. O maior sonho!
O gol de Aílton, aos 39 minutos do segundo tempo, fazia o Olímpico explodir para mais um título do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, o segundo Brasileiro de sua História.
Conquista absolutamente merecida. O cascudo e experiente time de Felipão, Mauro Galvão, Arce, Rivarola, Dinho, Danrlei, Paulo Nunes e Cia. soube explorar o nervosismo do jovem elenco da Portuguesa para fazer os necessários 2 a 0 e colocar mais uma faixa no peito.
Sob a ótica da sofrida Lusa, uma taça até justa, porém, “dispensável”. Porque o Brasileiro de 1996 é somente mais um no infindável rol de glórias gremistas. Mais um naquele período de vacas bem gordas, de hegemonia plena do clube do Rio Grande do Sul.
Copa do Brasil-94 (e 97!), Gaúcho (95 e 96), Libertadores-95, Recopa Sul-Americana-96… Brasileiro-96. Troféu que não acaba mais!
Para a Portuguesa de Candinho, Zé Roberto, Alex Alves, Rodrigo Fabri, Gallo, Clemer, Capitão e Cia. – e de Enéas, Dener, Ivair, Félix, Pinga, Djalma Santos, Julinho Botelho e tantos outros -, seria a maior conquista de todos os tempos. Única.
Ao final de mais um “fado tropical”, Gallo resumiu tudo: “Não deu. Fica para outra. O problema é que eu não sei quando”.
Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor, escreveu Fernando Pessoa, em “Mar Português”.
Nunca d’antes os mares lusos estiveram tão revoltos e sombrios como agora.
Fica a esperança de que Dom Sebastião retorne para colocar a nau na rota novamente. E que venha uma glória!
Em tempo: não deixe de ler a ótima reportagem de Fernando Silva, no Vice, sobre toda a trajetória da Lusa naquele Brasileirão de 1996, com depoimentos de Candinho, Capitão, Rodrigo Fabri e César.
E o texto absolutamente sensacional do luso Julio Gomes!
1º jogo:
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Fontes e +MAIS: