Pablo Neruda leva o Nobel de Literatura

Há 45 anos… dia 21 de outubro de 1971.

“Pela poesia que, com a ação de uma força elementar, torna vivos o destino e os sonhos de um continente”.

Com a habilidade no uso da palavra comparável a do premiado.

Assim a Academia Sueca de Letras justificou o Nobel de Literatura de 1971 para Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto.

Simplesmente, Pablo Neruda, “o maior poeta do século 20, de qualquer idioma”, como definiria outro gênio do verbo, também de latinoamerica, o grande Gabriel García Márquez.

“Preferi esperar a notícia oficial. Enfim parece que sou mesmo agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura. Ótimo, vocês sabem que nós, poetas, sempre estamos esperando milagres. E o milagre realizou-se”, brincou Neruda, em entrevista na embaixada do Chile em Paris, de onde ficou sabendo do fato.

O chiste fazia sentido. Oito anos antes, em 1963, o chileno de Parral havia sido considerado para levar o prêmio.

Em uma lista que contava com o americano W. H. Auden, o irlandês Samuel Beckett, o japonês Yukio Mishima e o dinamarquês Aksel Sandemose, a honra acabou com o grego Giorgos Seferis. Aliás, o poeta se tornou o primeiro natural da terra de Sócrates e Aristóteles a receber a condecoração.

Já Neruda não foi “inédito”. Juntou-se à compatriota e poetisa Gabriela Mistral, vencedora em 1945, e ao guatemalteco Miguel Angel Asturias, que levou o prêmio em 1967.

“O presidente Allende acaba de me felicitar em nome do governo e do povo chileno”, revelou, orgulhoso, o poeta, fervoroso socialista e entusiasta do governante eleito no ano anterior.

Poeta e presidente que teriam os destinos cruzados pouco depois, torpe e tragicamente.

Allende seria assassinado pelos canalhas liderados por Augusto Pinochet, no fatídico 11 de setembro de 1973.

Neruda morreria 12 dias depois, sob estranhíssimas circunstâncias, aos 69 anos.

Atualmente, a hipótese de assassinato é a mais provável.

Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.

Pablo Neruda recebe a notícia do Nobel: