Há 30 anos… dia 15 de novembro de 1985.
Eram favas contadas: Fernando Henrique seria o novo alcaide de São Paulo. Um dia antes do pleito, o candidato do PMDB já havia até se sentado na cadeira de prefeito, então pertencente ao colega Mário Covas, que, por sua vez, tinha sido indicado para o cargo pelo governador Franco Montoro, vencedor das primeiras eleições diretas no País depois de 20 anos, em 1982.
Com mais uma vitória, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro poderia se consumar como um PRI brasileiro, o partido que dominava a política mexicana já há 60 anos àquela época, como relatava a reportagem de Clóvis Rossi, sobre aquele 15 de novembro de 1985. Não deu.
Assim como jogo de futebol, eleição não se ganha de véspera.
E o povo paulistano elegeu Jânio da Silva Quadros!
“É isso aí”, estampou o Jornal da Tarde, com foto, digamos, indecorosa, do ex-presidente da República. “Jânio Quadros foi eleito. O governo Montoro e o deputado Ulysses Guimarães são os grandes derrotados”, dizia a legenda, na mesma toada da matéria de Clóvis Rossi na Folha.
Jânio venceu com 39,3% dos votos válidos, uma vantagem de 4% sobre Fernando Henrique (35,3%). Eduardo Suplicy, já deputado federal pelo recém-fundado PT, obteve 20,7% dos votos. Aliás, diz-se que a campanha de ataque do PT ao candidato do PMDB ajudou na ascensão e no triunfo de Jânio.
Outros fatores, no entanto, acabaram sendo mais relevantes e fundamentais para a derrota de Fernando Henrique. Político safo, populista e extremamente habilidoso, Jânio associou o candidato do PMDB ao socialismo (!), por causa de seu passado como sociólogo supostamente de esquerda, além de dizer que FH era ateu e maconheiro (!).
No outro lado da moeda, Fernando Henrique não conseguiu se desvencilhar dos rótulos atribuídos a ele, por mais inverossímeis que fossem. Em entrevista a Boris Casoy, foi surpreendido com a capciosa questão “você acredita em Deus?”. Não soube responder, e, pior, gaguejou e ainda retrucou o jornalista, dizendo que havia combinado que não se falaria sobre o assunto.
Pra completar, o peemedebista se sentou na cadeira de prefeito, tirou fotos mostrando o mapa de São Paulo e posou como virtual prefeito. Erro crasso.
Mais de 30 anos após ter sido eleito prefeito da capital paulista e mais de 20 anos após renunciar ao cargo mais alto do executivo, Jânio Quadros chegava ao gabinete da maior cidade do Brasil e da América Latina novamente. Não sem antes desinfetar a cadeira, que havia sido usada por “nádegas indevidas”, como o próprio e folclórico afirmou.
Ele concluiu o mandato em 1988 e, dois anos depois, sofreu grande abalo pessoal quando Eloá, a mulher e eterna companheira, veio a falecer. Jânio Quadros partiria em 1992.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Entrevista de Jânio Quadros, já eleito prefeito:
Programa de campanha de Jânio:
Fontes e +MAIS:
Um comentário sobre “Jânio Quadros é eleito prefeito de São Paulo”