Há 10 anos… dia 2 de julho de 2006.
POR MARINA MELLO*
“Little Miss Sunshine” é o Road Movie mais famoso dos últimos tempos. E por que? Porque ele tem o melhor tempero que um filme precisa: conflitos, e muitos!
Os Hoover formam uma típica família middle class americana constituída por 6 individualidades, em que a conjunção familiar parece ser apenas uma mera questão do destino. A começar pelo avô, viciado em heroína, expulso de inúmeros asilos, e que agora vive com o filho, Richard Hoover, interpretado pelo brilhante Greg Kinnear – ele acredita firmemente na ideia de que no mundo “Há dois tipos de pessoas: vencedores e perdedores”.
Além dele há o cunhado de Richard, o loser tio Frank, recém sobrevivente de uma tentativa de suicídio, recém demitido de seu emprego e de coração partido. E que, ao contrário do que pareça ser, é considerado o mais bem cotado professor da Universidade Proust. As aparências enganam. Tio Frank é resgatado pela irmã, Sheryl Hoover, que representa o papel da mãe, esposa, irmã e nora, sempre se equilibrando na corda bamba da vida, tentando carregar o fardo de todos e, principalmente, dos dois filhos, Dwayne e Olive.
Dwayne é um adolescente nietzschiano, que coloca como meta um voto de silêncio até o dia em que se tornaria piloto de avião. O detalhe é que ele tem apenas 15 anos de idade. Já Olive, a desengonçada filha de 7 anos, sonha em se tornar a Miss Sunshine e se esforça bravamente para isso. E por mais absurdos que pareçam ser todos estes conflitos, eles nos tocam por vias inexplicáveis.
A sétima individualidade é representada pela Kombi amarela, o símbolo agregador da família, que entrelaça todos os seis conflitos individuais num só: a difícil tarefa de não ser um loser. Mal sabia Sheryl que não precisaria levar toda a família numa Kombi para Califórnia para que sua filha recebesse o prêmio de Miss Sunshine. Olive é a criança que só sabe ser criança, que enxerga amor em tudo e que espalha luz (daí o nome sunshine), dissolvendo os dramas da vida adulta. Há maior vencedor que esse?
“A vida é um concurso de beleza atrás do outro. Escola, faculdade e trabalho… faça aquilo que ama e dane-se o resto.”
* Marina Mello é cineasta. Mais do que apaixonada por cinema, é fascinada pelo poder que existe na fusão de som, texto e imagem.
Trailer de “Little Miss Sunshine”:
Trilha sonora!:
Cena da dança!:
Fontes e +MAIS:
– IMDb