Há 30 anos… dia 17 de junho de 1986.
Com uma semana de atraso, uma singela homenagem aos 85 anos do gênio chamado João Gilberto, o “baiano da Bossa Nova”, expressão criada por Tom Jobim – lembrada pelo amigo Marcelo Pinheiro, em ótimo texto-tributo no site da Brasileiros.
Bom, trinta anos atrás, ele ainda não era o ermitão de hoje em dia, o homem recolhido à seu apartamento no Leblon. João ainda fazia turnês, aqui e fora, realizava temporadas de shows e lançava discos.
Em 17 de junho de 1986, a gravadora WEA desvendou o mistério e os mistérios do novo trabalho do músico: um álbum duplo com a memorável apresentação na 19ª edição do mitológico Festival de Montreux, em 1985.
Sem conseguir muitas informações da WEA – e muito menos do próprio João -, a Folha aproveitou passagem de seu fã mais ardoroso por São Paulo para tentar desvelar os enigmas do novo LP.
Fala, Caetano!:
“É a grande soma da obra de João Gilberto. É o disco que dá a visão mais ampla da ideia que ele tem de repertório, de estilo”, disse o admirador à repórter Renata Rangel.
Um dos mentores do movimento tropicalista, Caetano refuta a tese do amigo e parceiro Gilberto Gil, que afirma ser o baião a inspiração para o jeito sincopado do violão de João. “Eu não acho que é baião, acho que é samba”, reflete.
A julgar pelo repertório de Live at the Montreux Jazz Festival, Caetano está certo. Afora os hits da Bossa Nova, como “Desafinado” e “Garota de Ipanema”, além de outras MPBs “modernas” – “Menino do Rio”, do próprio Caetano -, o álbum é um desfile de sambas, a maioria “das antigas”.
Tem Ary Barroso (“Morena Boca de Ouro” – 1941), Wilson Batista (“Preconceito” – 1941), Geraldo Pereira (“Sem Compromisso” – 1944), Janet de Almeida (“Pra que discutir com madame” – 1945), Haroldo Barbosa (“Tim Tim por Tim Tim” – 1951), enfim, só bambas. Feras com a interpretação [impar da voz e violão de João.
De fato, um disco com a síntese dele.
Em 1994, ele lançaria outro ótimo álbum ao vivo, “Eu Sei Que Vou Te Amar”, este com mais canções da época da Bossa Nova.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
“Preconceito”, de Wilson Batista e Marino Pinto:
“Morena Boca de Ouro”, de Ary Barroso:
“Sem Compromisso”, de Geraldo Pereira e Nelson Trigueiro:
Fontes e +MAIS:
Um comentário sobre “João Gilberto lança álbum ao vivo do Festival de Montreux”