Há 75 anos… dia 18 de junho de 1941.
A revista The Ring a colocou em 6º lugar na lista das 100 maiores lutas de todos os tempos.
O mais incrível e curioso é que tinha tudo para ser um combate banal, enfadonho, até protocolar. Afinal, como bem pontua Robert Portis no site The Fight City (texto abaixo), além de death and taxes (morte e impostos), havia uma terceira certeza na América no início dos anos 1940: a de que Joe Louis venceria sua próxima luta.
Foi com essa convicção que o campeão dos pesados entrou no ringue do Polo Grounds, em Nova York, 75 anos atrás. Era sua 18ª defesa do cinturão e a grande maioria dos 54.487 presentes esperava um só resultado: mais uma vitória tranquila. Nas apostas, o campeão tinha 11-5.
E, afinal de contas, quem estava do outro lado?
Billy Conn, The Pittsburgh Kid, era um branquelo de origem irlandesa que havia construído sólida carreira na categoria meio-pesado. Conquistara o cinturão em 1939, após 15 rounds diante do então campeão Melio Bettina. Depois, defendeu o título por mais alguns combates.
Então, quis dar o grande e ousado salto da vida: desafiar Joe Louis. Em maio de 1941, Conn abriu mão do cinturão dos meio-pesados para tentar se tornar o primeiro campeão de uma categoria abaixo a destronar o detentor do título dos pesados. Isso sem ganhar massa e músculos para tal!
Na pesagem, alguns dias antes, o fato se comprovou e o favoritismo de Joe Louis aumentou. A balança escancarou a diferença: 90,5 kg contra 78,9 kg. Depois, ficou-se sabendo que a disparidade era ainda maior: 92,5 kg contra 76,5 kg.
É, não haveria chance para o pobre Billy.
O gongo soou e a história foi outra. O franzino desafiante encarou o campeão com altivez e coragem. Fez luta estratégica, suportou os golpes de Louis ao mesmo tempo em que não se escondeu.
Conn não se abalou com forte direita que o balançou, logo no segundo round, deixou o campeão com joelhos dobrados dois rounds depois, sofreu no quinto assalto com mais golpes do campeão, teve o olho aberto no 6º e passou a desafiar Louis a partir do sétimo round.
Lépido, agrediu o campeão com socos rápidos e pontuais no assalto 8, venceu o nono e perdeu o décimo. Nos dois rounds seguintes, Conn usou a velocidade para conquistar pontos com os juízes.
A três assaltos do final, o árbitro Eddie Joseph contabilizava vitória de Conn por 7 a 5, enquanto o juiz Marty Monroe tinha o placar de 7-4 em favor do desafiante. Já Bill Healy, o outro juiz, marcava 6-6.
O cenário era todo favorável ao surpreendente Billy Conn. Ele precisava de apenas mais um placar positivo em um dos três assaltos restantes. A vitória era questão de tempo. E de inteligência. Que ele não teve…
Confiante demais com a performance no 12º round, Conn foi para o ataque no 13º. Jack Blackburn, experiente técnico de Joe Louis, disse que o campeão precisava de um nocaute para vencer.
Com fúria e decisão, Louis partiu pra cima de Conn. Direita, esquerda, direita, esquerda, direita, esquerda… e o pobre garoto de Pittsburgh foi à lona, com 2:58 no cronômetro do 13º round. Era o fim do sonho para Billy Conn.
“Perdi a cabeça e um milhão de dólares”, diria, 10 minutos após a derrota. “Eu não derrubava ninguém. E tentei nocautear Joe Louis!”, reforçaria, em entrevista de 1987, seis anos antes de morrer.
Em 1946, sem a agilidade de antes, Conn ofereceu bem menos resistência e foi nocauteado no oitavo assalto por Louis.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
A luta:
Documentário sobre os dois combates entre Louis e Conn:
Fontes e +MAIS:
– si.com