Há 40 anos… dia 16 de junho de 1976.
O homem enfrentando tanques na Praça da Paz Celestial.
O monge budista em chamas nas ruas de Saigon.
A menina nua aos gritos, após ataque aéreo com Napalm, no Vietnã.
A exemplo de todas essas, a imagem do menino sul-africano morto, com a irmã em desespero ao lado, se tornou um ícone do século passado. Uma foto histórica. Tristemente histórica.
O menino é Hector Pieterson, de apenas 13 anos. A irmã é Antoinette, de 17. Quem o carrega é Mbuyisa Makhubo, 18. Protagonistas e símbolos de um dos fatos mais marcantes e trágicos do tétrico e terrível período do apartheid na África do Sul: o Levante do Soweto.
Hector se transformou em mártir do triste episódio. Foi a primeira vítima da bárbara repressão aos estudantes negros, que se levantavam por melhorias nas escolas da África do Sul. Uma violência que matou entre 200 e 700 pessoas, a maioria jovens e crianças. Como o pobre Hector.
O protesto, que reuniu entre 10 e 20 mil estudantes a partir do gueto de Soweto, a 16km de Joanesburgo, se iniciou na manhã de 16 de junho de 1976. A principal reinvindicação dos secundaristas dizia respeito às novas regras de ensino decretadas pelo governo branco de Johannes Vorster.
No novo modelo, válido para todas as escolas negras, o idioma obrigatório passava a ser o africâner, à frente até do inglês. Um decreto absolutamente absurdo e inaceitável para a já oprimida e massacrada população negra da África do Sul, maioria no país, diga-se.
A massa de estudantes seguia em direção a um estádio, ordenada e pacificamente. Então, um policial atirou bomba de gás e começou a tragédia. Pensando que a bomba havia sido arremessada por um dos manifestantes, a polícia simplesmente abriu fogo contra a marcha.
A atitude provocou caos e morte. A África do Sul foi tomada por três dias de protestos, tumultos, incêndios e saques. O cenário de apocalipse iniciado ali se seguiu até 1977. Ao final daquele ano, estima-se que mais de 1.000 pessoas morreram.
Hoje, a África do Sul relembra o Levante de Soweto como o “Youth Day”, o Dia da Juventude.
Entre 1984 e 1989, últimos anos de P.W. Botha, o derradeiro presidente do regime do apartheid, o país viveria outra onda de violência.
Mas essa(s) história(s) fica(m) pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Programa especial da Al Jazeera da África do Sul:
Reportagem sobre os 40 anos do Levante de Soweto:
Fontes e +MAIS:
– pbs.org
– qz.com