Há 30 anos… dia 23 de agosto de 1987.
Jogos Pan-Americanos, Indianápolis, Estados Unidos, 23 de agosto de 1987.
Na final do basquete, os donos da casa passeavam. Mesmo com jogadores universitários, dominavam o Brasil de Oscar e Marcel. Invicta há 34 partidas oficiais, a seleção americana estava com uma mão e meia na taça.
Fim do primeiro tempo, EUA 68 x 54 Brasil.
Era questão de (um) tempo para que a bandeira com listras e estrelas fosse hasteada no lugar mais alto, o “Star Spangled Banner” fosse tocado e cantado e a festa americana se consumasse.
No vestiário brasileiro, clima de derrota. A forte marcação adversária impedia que Oscar e Marcel jogassem e pontuassem. Ambos haviam anotado 11 pontos cada na etapa inicial. Não havia muitas perspectivas para a seleção.
A não ser, simplesmente, jogar.
“Voltem lá e joguem!”
Foi a frase do técnico Ary Vidal para seus comandados.
Simples. Direto.
E assim se fez a mágica. O milagre. A virada brasileira em terras americanas.
Se no primeiro tempo a dupla de craques do Brasil tinha sumido, apareceu com tudo no segundo. Oscar fez 35 pontos (21 da linha dos três). Marcel anotou outros 20. Juntos, somaram 55 dos 66 pontos brasileiros no tempo final.
O Brasil jogou. E fez história. Placar final: Brasil 120 x 115 EUA.
História, mesmo. Foi a primeira derrota americana em casa, a primeira em finais e a primeira partida em que tomaram mais de 100 pontos diante de seus torcedores.
Pode-se resumir a história e a importância de Ary Vidal para o basquete e para o País com a final de Indianápolis.
Neste post histórico, é impossível esquecer de homenagear o comandante do milagre de Indianápolis, o grande Ary Vidal (no canto direito da foto, embaixo, meio escondido!).
No 30º aniversário daquele fantástico jogo, reportagens especiais de Folha e globo.com revelam como a tática aplicada pelo técnico brasileiro lá atrás se tornou uma tendência no maior basquete do mundo hoje. Vide o Golden State Warriors de Stephen Curry, o “bruxo” das cestas de 3.
Foi exatamente nos tiros de longe que o Brasil conquistou a inacreditável virada. Nada mais nada menos que 10 bolas de três convertidas em 25 tentativas. Só Oscar anotou 7 (em 15 tiros), ou seja, pouco menos da metade de seus 46 pontos na final.
Oscar cujo nome o técnico dos EUA esquecera na véspera da partida. Deu no New York Times:
“INDIANAPOLIS, 23 de agosto – Durante uma coletiva de imprensa no sábado, Denny Crum, o treinador da equipe masculina de basquete dos Estados Unidos, estava analisando a equipe do Brasil quando percebeu que havia esquecido o nome do melhor jogador. Finalmente, um de seus jogadores olhou lista e gritou o nome.
Após o jogo de hoje, o nome de Oscar Schmidt estará na mente de Crum e nas memórias dos 16.408 presentes na Market Square Arena que viram o Brasil protagonizar a maior zebra dos X Jogos Pan-Americanos, ao derrotar os Estados Unidos, 120-115, e ficar com a medalha de ouro.
Schmidt, um atacante de 29 anos, chutou de 3 de praticamente todos os territórios da quadra e marcou 46 pontos – 35 no segundo tempo -, com o Brasil superando uma desvantagem de 16 pontos.”
Inacreditável…
Ou, como bem sintetizou o grande Marcel, outro grande nome naquele histórico dia, a luta contra o impossível, a vitória sobre o invencível.
23 de agosto de 1987.
Data dourada do basquete brasileiro.
Obrigado, Ary Vidal, José Medalha, Oscar, Marcel, Israel, Maury, Sílvio, Gerson, André, Cadum, Pipoka, Rolando, Paulinho Villas Boas, Guerrinha e toda a comissão de ouro!
A final, com narração de Osmar de Oliveira:
Fontes e +MAIS:
– balanacesta.blogosfera.uol.com.br