Há 40 anos… dia 22 de agosto de 1977.
Joe Cocker foi um intérprete gigantesco. Não se passa incólume quando se ouve uma de suas versões. De “With a Little Help From My Friends” a “Unchain My Heart”, passando por “Just Like a Woman”, “Could You Be Loved”, “You Are So Beautiful”, entre tantas outras, Cocker transborda paixão ao cantar.
Acima, trecho do post-biografia do homem de Sheffield, um dos meus preferidos entre os quase 1.600 já produzidos aqui.
Pois hoje falaremos sobre a primeira vez dele no Brasil.
Uma jornada com shows em quatro cidades diferentes (Porto Alegre, Rio, São Paulo e Santos), encerrada há exatos 40 anos, no Clube de Regatas Santista.
Uma passagem que espelhou o momento de vida de Cocker à época, ou seja, carregado de álcool, drogas, desavenças e problemas. Como, aliás, confirmam as reportagens e os relatos de quem esteve bem perto da fera.
Como o fotógrafo Lincoln Baraccat, designado pela revista POP para cobrir o show em Santos. Ele detalha a odisseia da viagem do “Cachorro Louco” e de Cia. pela velha Via Anchieta, com direito a enquadro da polícia! Vocês devem imaginar o motivo…
Já a edição da Folha de 22 de agosto desce a lenha em praticamente tudo de um dos dois shows realizados no Ginásio da Portuguesa. A falta de profissionalismo de Cocker e equipe, os atrasos, a péssima organização do evento, a banda de abertura, Placa Luminosa, e por aí vai… Irônico, o relato também expõe os excessos do cantor e os prejuízos dos empresários responsáveis por trazê-lo ao Brasil.
Porém – e sempre é preciso ter um porém! -, há muita gente que relativiza todos esses problemas e exalta as performances de Cocker por aqui.
A saudosa revista Música, por exemplo, menciona as complicações da turnê, mas, ao final, enaltece não só o soulman britânico, mas os músicos que estiveram no País.
“Naquele fim de semana – 20 e 21 de agosto – não se apresentou apenas uma grande estrela do palco pop. Estiveram também em São Paulo, além do incrível vocalista de blues, Joe Cocker, o tecladista Nicky Hopkins e o saxofonista Boby Keys, ambos preferidos pelos Stones, em suas apresentações ao vivo ou mesmo em discos de estúdio. E muita gente que não sabia deste importantíssimo detalhe ficou sem ir, certamente pensando em encontrar um Joe Cocker cansado, marcado pelo tempo e pela estrada, sem aquela força taurina que marcou os tempos de Mad Dogs & Englishmen. No entanto, Cocker esteve maravilhoso, com sua voz forte e poderosa, seu embalo mágico, seus sentimentos em pé, sua coragem ativa. Talvez apenas algumas cicatrizes deixadas pela tristeza que teve de renegar a posição número um do cantor pop, para fazer excursões e shows baratos, com a finalidade de ver-se livre das enormes dívidas contraídas.”
No final, como sempre, tudo vale a pena!
Joe Cocker retornaria ao Brasil em 2012, já realizado, consagrado e merecidamente reverenciado, totalmente em paz com a própria trajetória.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
P.S.1: todas as matérias e relatos citados estão nos links abaixo. Clica!
P.S.2: o éfemello recomenda fortemente o documentário “Joe Cocker: Mad Dog with Soul”, que está no Netflix!
Fotos: O Estado de S. Paulo
Trechos do show no México, da mesma turnê:
Fontes e +MAIS:
estive no show do ginásio no Canindé. Foi épico!