Há 30 anos… dia 20 de abril de 1986.
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POR ARTHUR MELLO*
Hoje existe uma discussão sobre qual o melhor time da história da NBA. O Chicago Bulls de 1996 e seu recorde de 72 vitórias ou o atual Golden State Warriors com Stephen Curry e suas 73 vitórias obtidas no último dia 14. Falaremos sobre isso no final.
Em 1986, no entanto, a discussão do momento era se aquele time do Boston Celtics já superava os Lakers de Wilt Chamberlain e Jerry West, os mesmos Lakers de Kareem e Magic, ou até mesmo o próprio Boston, do lendário Bill Russell.
De fato, com uma temporada regular quase imbatível – perdeu apenas 1 jogo em casa o campeonato inteiro -, o Boston Celtics de 1986 mesclava a beleza do basquete mais puro com a dominância e a agressividade de seu líder maior, o grande Larry Bird.
Chegar às finas era uma certeza e, após os 82 jogos com a melhor campanha da Conferência, os Celtics enfrentariam um Chicago Bulls liderado por um jovem Michael Jordan voltando de uma contusão e em sua segunda temporada apenas. Michael Jordan…
No primeiro jogo daquela série, o Boston já tinha enfrentado uma dificuldade bem maior que o esperado. Jordan marcou 49 pontos em pleno Boston Garden e o jogo foi definido apenas no último quarto.
Bird, um dos grandes competidores do esporte, avisou no vestiário que faria um revezamento na marcação da jovem estrela no jogo seguinte. Para ele, alguém fazer 49 pontos em sua casa era humilhação que não admitiria. Mal ele sabia…
A internet nos oferece hoje a possibilidade de ver todas as cestas em 4 minutos condensados. É uma aula. É possível ver a frustração de Bird a cada ponto marcado. O desespero do grande Dennis Johnson a cada bandeja feita. A incredulidade de Parish e McHale a cada enterrada. A impotência de Danny Ainge a cada arremesso certo. Estamos falando da, até então, defesa mais feroz que a NBA já tinha visto.
O ponto alto para mim são os dois lances livres que definiram a ida até a prorrogação. Já fui em um jogo de pré-temporada do Boston e a torcida de verde e branco é realmente fanática. Vaia até o lance livre pré-jogo do adversário.
Com o cronômetro zerado, Jordan era obrigado a acertar os dois lances livres para levar o jogo até o tempo extra. Acertou, óbvio. Mesmo assim, o Chicago não foi capaz de fazer frente ao Boston, que seria campeão algumas semanas depois.
Em 1992, durante a Olimpíada de Barcelona, entre uma partida de pôquer e outra, Jordan decretou para Bird e Magic: “Larry, Magic, vocês tiveram sua época, agradeço por tudo o que vocês fizeram pelo jogo de basquete, mas existe um novo xerife na cidade”. Magic tentou argumentar, mas foi logo contido por Bird. “Magic, ele está certo”.
Naquele 20 dia abril de 1986, Larry afirmou que viu Deus disfarçado de Michael Jordan. O recorde de 63 pontos em uma partida de playoff persiste até hoje.
Então: Não, o Golden State não é superior aos Bulls de 1996. O melhor time da NBA precisa ter Jordan em sua escalação. E não: Não existirá outro Michael Jordan.
* Arthur Mello já odiou Michael Jordan, demorou alguns anos para rever as derrotas doloridas de 97 e 98. Mas quando você vê a história sendo escrita, é difícil não se curvar. Acabou se rendendo e virou fã.
Os 63 pontos de Michael Jordan:
Fontes e +MAIS:
– nba.com