Há 25 anos… dia 21 de novembro de 1990.
POR RAUL ANDREUCCI*
As 300 mil primeiras unidades do videogame evaporaram em poucas horas. Crianças começaram a faltar nas aulas, todas desesperadas para conseguir o seu, a módicos 25 mil ienes (o equivalente a US$ 210 nos EUA). O governo japonês teve de intervir, pedindo à empresa produtora, a Nintendo, que concentrasse as vendas nos finais de semana. E até a Yakuza se interessou em roubar alguns milhares, obrigando uma mudança no horário das entregas, de dia para a noite.
Estamos falando de um lançamento estrondoso, de um dos consoles mais queridos de todos os tempos, o Super Nintendo Entertainment System, conhecido entre nós, brasileiros, como Super Nintendo – e, para alguns, Super NES e SNES. No mesmo dia, 21 de novembro de 1990, também chegou às lojas um game clássico, Super Mario World, reverenciado até hoje.
O sucessor do Nintendinho, o primeiro console caseiro da marca japonesa, dobrou a capacidade do processador para 16 bits, o que, à época, representava um grande salto na qualidade de sons e gráficos, ainda na era 2D. E entrou no gosto da molecada graças a hits como Super Mario Kart, The Legenda of Zelda: a Link to the Past, Star Fox, F-Zero, Castlevania e Super Metroid.
Primeiro console a ter uma adaptação do arcade Street Fighter e, com regras mais brandas, banhado em sangue pela carnificina do Mortal Kombat, o Super Nintendo vendeu mais de 49 milhões de unidades ao redor do mundo. Mega Drive e Genesis, os concorrentes de 16 bits, ambos da Sega, mesmo com dois anos de dianteira nas prateleiras – três se contarmos a partir do lançamento nos EUA, em 1991 -, rapidamente perderam a liderança.
Nem a chegada, anos mais tarde, dos 32 bits, abalaram o Super NES. Explorando toda a potência do console, Donkey Kong Country mostrou que mais valia usar bem o que se tinha em mãos do que gargantear sobre o desconhecido. A Nintendo foi ao limite, oferecendo dois ainda embrionários (e precários) serviços de jogos online, por servidor e satélite, hoje bastante comuns. E, por pouco, não lançaram um sistema de CD-ROM. Desenvolveram protótipos, mas o projeto foi abortado por desentendimentos com a parceira Sony, que mais tarde teria o seu Playstation.
Por nossas bandas, o videogame chegou em 1993, produzido na Zona Franca de Manaus pela Playtronic, uma joint venture entre Estrela, empresa de brinquedos, e Gradiente, de eletroeletrônicos. Ficamos com nome e design da versão americana – e a mesma paixão (a ponto de rivalizar com os amores mais primitivos). Se a saudade bateu, tira o SNES do baú, assopra as fitas e destrava os dedos. Para quem não tem o videogame, mas sobra paciência para jogar no teclado do computador, pode se esbaldar nos zilhares de títulos disponíveis na internet.
* Raul Andreucci, 30 anos, acredita ser mais jornalista do que nunca. Dedicado a projetos pessoais e ao Mestrado em Ciências Sociais na PUC-SP, se sente honrado sempre que convidado contribuir com esse espaço.
Propaganda americana do Super Nintendo, com o ator Paul Rudd:
Fontes: