“Tubarão” estreia nos Estados Unidos

Há 40 anos… dia 20 de junho de 1975.

POR MARINA MELLO*

Lá se vão quarenta anos da grande estreia de “Jaws” e, apesar dos figurinos um tanto setentistas, o filme baseado no ótimo livro de Peter Benchley continua atualíssimo. Tão atual que, quando fui convidada a escrever sobre a obra-prima de Spielberg, coincidentemente, soubera que, nesta semana, duas adolescentes da Carolina do Norte teriam sido atacadas por um tubarão. A grande verdade é: depois que você assiste a “Tubarão”, nunca entrará no mar com a mesma naturalidade de antes.

Logo de início, descobrimos, por meio do ritmo dos nossos batimentos cardíacos compassados à magistral trilha sonora de John Williams que o filme se trata de um suspense. E da pior espécie! Posto que, a cada vez que a câmera – projetada pelo ponto de vista do tubarão – se aproxima do fundo do mar, a trilha sonora vai acelerando sob tons graves e sombrios, arrepiando todos nossos fios de cabelo. Só um mestre como Steven Spielberg poderia começar um filme alocando os então aflitos espectadores sob olhos de um tubarão. E, mesmo conhecendo minutos mais tarde a pacata praia de Amity e seus alvoroçados turistas em início de férias estivais, já não conseguimos mais relaxar na poltrona até que a fera esteja devidamente morta.

A genialidade do diretor está em abordar com tamanha destreza os símbolos do nosso subconsciente humano. Um deles se dá sob forma de escuridão, do desconhecido, de inexplorado e misterioso mar. Outro símbolo é o protagonista em si, o Tubarão, que por ignorância de seu instinto animal, devora tudo o que vem pela frente. Barcos, braços, pernas, cadeiras de balanço e até cilindros de mergulho. E o terceiro símbolo clássico é representado pelos arquétipos dos personagens: Matt Hooper, o oceanógrafo curioso e destemido, Martin Brody, o chefe de polícia, que, por irônica obra do destino, tem paúra do mar e, por fim, Quint, o “velho lobo do mar” e caçador de tubarões. Os três heróis embarcam na difícil aventura sem nenhuma mísera certeza de seus destinos.

E sabe por que Tubarão nunca deixará de ser atual? Porque sempre existirão pessoas como o bonachão prefeito de Amity (interpretado por Murray Hamilton), que acredita ter o poder de controlar a natureza. Por retratar nossa insignificante condição humana que navega diariamente por águas misteriosas como o curso da Vida, e por estarmos sempre cercados por tubarões, nos lembrando que, num dia qualquer, confrontaremos a Morte.

“There is a creature alive today that has survived millions of years of evolution without change, without passion and without logic. It lives to kill; a mindless eating machine. It will attack and devour anything. It is as if God created the Devil and gave him… Jaws.”

* Marina Mello é cineasta. Mais do que apaixonada por cinema, é fascinada pelo poder que existe na fusão de som, texto e imagem.

Trailer de “Tubarão”:

Fontes e +MAIS:

Wikipedia

IMDb

– theguardian.com

– independent.co.uk

– biography.com

– clarionledger.com

– edition.cnn.com

– time.com

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