Há 10 anos… dia 8 de maio de 2005.
Meu velho me ensinou muito cedo: “Contra eles é complicado, filho. É a nossa asa negra, o nosso carma!”.
Os números* não mentem e confirmam a teoria dele: até hoje, foram 305 jogos na História, com 117 vitórias deles e 92 nossas. Nem em casa somos absolutos: em 138 partidas, 49 vitórias deles, 35 nossas. Em finais, nova vantagem deles: 8 a 4!
É, o velho tem toda razão: contra eles é complicado, mesmo.
Quando a gente ganha, tem de celebrar muuuuito!
De goleada, então, nem se fale!
Há 10 anos, a maior de todos os tempos**, igualando a de 1946: 5 a 1 pra nós.
São Paulo 5 x 1 Corinthians.
Uma vitória importantíssima para forjar o futuro campeão da América e do Mundo. Uma goleada acachapante para desencadear crise braba no clube de Parque São Jorge.
Era a terceira rodada do Campeonato Brasileiro de 2005.
Mesmo campeão paulista e classificado para o mata-mata da Libertadores, o São Paulo vivia período de dúvida. Leão abandonara o barco para atender um pedido de um amigo lá no Japão. Após longo “conclave”, como brincou Marco Aurélio Cunha, o clube do Morumbi foi buscar Paulo Autuori. O Majestoso do Pacaembu seria a estreia do técnico com vozeirão de locutor.
Do outro lado, uma crise pairava permanentemente sobre o Corinthians. Apesar da grana de Kia Joorabchian e do MSI, dindin que bancou craques como Tevez, Carlos Alberto e Roger, o clube e o time patinavam. No início do ano, após derrota por 1 a 0 para o próprio São Paulo no Paulistão, Kia entrou no vestiário e gritou com Tite, atitude que fez o técnico deixar o cargo. Veio o argentino Daniel Passarella, que também não conseguiu dar jeito na coisa. Pra completar, o grupo era rachado, com muitas panelinhas e mimimis.
Esse era o cenário antes do jogo.
Quando a bola rolou, foi um passeio. O São Paulo esmagou o Corinthians. Com 16 minutos, estava 3 a 0. Ao final dos 90 minutos, 5 a 1, choro e revolta da fiel torcida, e muita festa do lado são-paulino. Rogério Ceni (pênalti), Luizão, Danilo, de novo Luizão e Cicinho fizeram os gols tricolores. Carlos Alberto anotou o de honra para os alvinegros, de pênalti.
O amigo Alexandre Lozetti e o Diogo Venturelli incluíram o jogo no espetacular especial sobre o Majestoso, no globoesporte.com. Entre vários pontos bem lembrados por eles, destaco um: Luizão. Autuori passou a escalá-lo na vaga de Diego Tardelli. O veterano centroavante, antes preterido por Leão, ganhou confiança e se tornou peça fundamental naquele time.
É, pai, ganhar do Corinthians é bom demais!
*Obs.: há muita polêmica sobre os reais números do confronto. São Paulo e Corinthians divergem, por exemplo. Os dados oficiais do São Paulo Futebol Clube contabilizam também os jogos de 1930 a 1935, época do São Paulo da Floresta (o clube “unificou” a história e, oficialmente, considera a fundação em 1930). Jornais e outros veículos se utilizam de históricos diferentes. Com a inestimável ajuda do Lozetti, usei os dados da Globo, a partir de 1936.
**Em tempo: tem muito são-paulino me xingando, pois desconsiderei os 6 x 1 de 1933, ainda na época do São Paulo da Floresta. Calma, pessoal. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E goleada é goleada!
Os gols de São Paulo 5 x 1 Corinthians:
Fontes e +MAIS: