Há 40 anos… dia 5 de outubro de 1974.
Consegui! 05/10/1974
Abs
Sonia
O email da eficiente e atenciosa assessora e produtora executiva Sonia Maia, lá no longínquo 27 de janeiro deste ano, me dava a confirmação exata do dia de lançamento do disco.
Pronto. Se com outros grandes da música brasileira eu tinha falhado em encontrar a data certeira (ô trabalho difícil!), ao menos não deixaria escapar com um dos maiores.
Porque o primeiro álbum de Arnaldo Baptista depois dos Mutantes está entre os maiores da Música Popular Brasileira. É genial em todos os aspectos.
Letras que exorcizam a tudo e a todos, permeadas por ironias sutis, de uma inteligência peculiar.
Musicalidade incomum, revolucionária e à frente até dos tempos atuais.
Você aí, que reverencia Jack White e seu White Stripes sem baixo, o que dizer de um disco de rock sem guitarra?
Isso é Lóki?. Isso é gênio. Isso é Arnaldo Baptista.
“É interessante e pode ser expresso pela palavra ‘fácil’, que nem a música que eu toco violão e pus o nome de ‘Fácil’. Eu adorava trios, tipo Oscar Peterson, Zimbo Trio, sem guitarra, né? Então, de uma certa forma, é fácil pra mim fazer sem guitarra, né? Foi esse o sentido que eu dei! Fazer sem o meu irmão, sem ninguém. Sozinho. Foi isso que significou pra mim também”, explicou o próprio Arnaldo.
Sim, ele falou com o efemérides! Generoso, bem-humorado e feliz da vida, bateu um papo sobre os 40 anos do álbum e outras cositas más. A dificuldade deste que vos bloga em fazer a ligação pra Juiz de Fora, onde mora o músico e hoje também pintor, virou motivo de piada e trocadilho, como os muitos que ele escreve no Twitter e Facebook, perfis com milhares de followers e likes.
“Tava pensando aqui: fui infernar você e aí melou tudo!”, disse, rindo como menino, fazendo troça com meu nome. Que honra! Honra de falar com uma espécie de Beatle brasileiro, um Syd Barrett dos trópicos.
Arnaldo diz o quê mais gosta do trabalho, gravado nos modernos estúdios Eldorado, com 16 canais. “Tem a palavra pesquisa. Porque engloba tantas coisas: marca de instrumento, marca de tipo de fita, de alimentação. Pesquisa é uma palavra profunda. Pesquisei muito. No sentido de independência, do arranjo, composição, harmonia. Muita pesquisa”, lembra, minucioso.
Os arranjos do maestro Rogério Duprat também encantam Arnaldo até hoje. “Sempre que eu tentava conversar com um maestro, eu não conseguia explicar muito o quê eu queria, mas com o Duprat era diferente. A gente ficava na casa dele, tinha um piano, eu tocava um pouquinho e ele, na hora, botava na pauta e era o quê eu queria. Adorei trabalhar com ele e foi fácil! E rápido.”
Rápido também foi o processo de produção de Lóki?. “Foi relativamente rápido em comparação com os Mutantes. Embora tenha sido com os mesmos músicos, o Dinho e o Liminha, foi rápido”, relembra.
Remanescentes dos Mutantes, Dinho Leme (bateria) e Liminha (baixo) deram estofo sonoro para as pirações melódicas de Arnaldo. Seja no piano, órgão, clavinet, sintetizador ou violão de 12 cordas, ele transcende qualquer barreira e impõe o som espacial, onírico, psicodélico. Em jazz, boogie-woogie, bossa nova, rock and roll.
As influências, pergunto, sugerindo Pink Floyd e Dark Side. “É mais Yes, é mais Beatles do que esse lado… Pink Floyd é um pouco, mas não era tanto, porque na época eu não tinha conhecimento profundo da música deles. Tem também um pouco de The Mamas & The Papas. Muito de Elton John…”, pontua.
Quarenta anos depois, Arnaldo curte o momento de celebração e afirma que não esperava todo o estardalhaço. Revela que segue ouvindo o disco, de preferência, o vinil. “Ah, isso é gostoso! Eu faço isso sempre que posso! Tem uma coisa que o vinil dá, uma espécie de estereofonia, acho que o som entra na agulha e fica com uma coisa mais profunda. Então, às vezes eu curto escutar o LP, o vinil”.
E elege a preferida: “Honky Tonky”, uma viagem de piano que ainda toca em shows, como nos recentes espetáculos comemorativos do lançamento do álbum.
“Desculpa o trocadilho no começo, InFernando. Ih, Mellô!”, se despede, em gargalhada.
Bem, como não tenho a mesma irreverência (e competência!), deixo pra outro gênio fazer o trocadilho, em resposta.
Fala, Tom Zé!
“Esse Arnaldo rói, esse Arnaldo enrola, esse Ar… nal… Eu preciso de ar. De ar, de ar, de ar. A primeira música entupiu o quarto. A segunda me arrancou do chão. Quero jogar fora meu diploma. Dói não ter Ar, não ser Arnal do dó dói.”
E já que o mestre de Irará entrou na festa, deixa ele terminar esse post-homenagem ao gênio Arnaldo Baptista:
“É só piano, bateria e voz? Parecia uma dúzia de assassinos. Música! Nunca mais. Nunca mais faço uma. Ainda bem que esse disco me pariu de novo”.
Ouça Lóki?:
+MAIS:
– cultura.estadao.com.br (é outro!)
Olá, caro Emilio!
Primeiro, agradeço demais seu contato. Obrigado pela audiência.
Sobre a data, tenho o cuidado enorme de pesquisar onde for possível para acertar com correção o exato dia de qualquer fato, seja um disco, um livro, um jogo, enfim, os temas do efemérides.
É sempre uma dificuldade enorme de cravar a data exata de discos brasileiros.
Então, tenho mais cuidado e profundidade na pesquisa.
Com o Lóki?, me apoiei nas matérias publicadas sobre a efeméride, no estadão e em outros veículos, além de outras fontes.
Pra completar, entrei em contato com a assessoria.
Pedi que conferissem com a gravadora para saber o dia de lançamento exato.
Chegamos ao 5 de outubro de 1974.
Essas são as minhas garantias. Claro, sempre existe a possibilidade de erro. Mas, nesse caso específico, estou escorado em fontes diversas.
Essa é a história.
De novo, obrigado pelo contato e continue com o efemérides!
Grande abraço,
Fernando.
Como ela confirmou essa data? Embora o disco esteja “carimbado” 1974, tanto minha lembrança quanto as matérias que saíram na imprensa confirmam que ele só chegou às lojas entre abril e maio de 1975. Agora fiquei curioso.
http://emiliopacheco.blogspot.com.br/2015/05/os-40-anos-de-loki-agora-sim.html
Grande dia, Antonio!
Ótimo signo! 🙂
Obrigado por comentar e obrigado por acessar o efemérides!
Continue com a gente!
Abraço,
Fernando.
Sou canceriano também e tenho o privilégio de ter nascido no mesmo dia do mestre: 6 de julho.
Valeu, Rô!
Foi emocionante e compensador. Arnaldo é um gênio generoso!
Viva o Lóki!
Muito bom o post, de fato um álbum lindo e fundamental.
Efemérides indo na fonte ! Que emoção deve ter sido falar com ele…