16 de setembro de 1914

O inventor da dor-de-cotovelo.
O mestre da dor de amor transformada em arte.
Um dos gênios do samba-canção.
Lupicínio Rodrigues, o Lupi, é nome indispensável da Música Popular Brasileira.
Mesmo entre os torcedores do Internacional…!
Fanático por futebol, o porto-alegrense gostava de jogar suas peladas quando menino. Em 1953, já famoso, homenageou o seu Grêmio com o hino oficial, conhecido pelos versos Até a pé nós iremos / para que der e vier / Mas o certo é que nós estaremos / com o Grêmio onde o Grêmio estiver.
Nascido no bairro da Ilhota, na capital do Rio Grande do Sul, Lupicínio foi o mais velho de uma família de 18 filhos! O primogênito acabou escolhido por Seu Francisco e Dona Abigail para trilhar o caminho de doutor. Queriam o filho médico.
Mas o pequeno Lupi, apelido pelo qual ficou conhecido, queria mesmo brigar, jogar bola e… cantarolar! Aos sete anos, começou os estudos no Colégio São Sebastião. Estimulado pelos professores Irmão Stanislau e Irmão Alfredo, teve os primeiros ensinamentos de música.
A vida difícil da família obrigou Lupicínio a trabalhar. Com apenas 12 anos, virou aprendiz nas oficinas da Companhia Carris Portoalegrense, administradora dos bondes da cidade. Mesmo muito novo, já arriscava composições para os blocos de Carnaval da Ilhota.
Um pouco depois, adolescente, Lupi se torna habitué da noite da capital gaúcha, em especial do bar do Seu Belarmino. Passa as madrugadas bebendo e cantando, o que desperta preocupação do pai. Sem hesitar, Seu Francisco obriga o filho a ir para o Exército.
A trajetória militar, iniciada em 1931, dura três anos. Lupicínio logo se envolve com a música e passa a integrar a banda dos soldados do exército. Não interrompe, também, as composições de sambas.
Aliás, foi nessa época que um tal de Noel Rosa, em excursão com uns tais de Francisco Alves e Mário Reis pelo Rio Grande do Sul, profetizou, ao ver Lupicínio cantando: “Esse garoto vai longe!”.
Em 1935, abandona o exército, volta para Porto Alegre e começa a trabalhar como bedel na Faculdade de Direito, onde fica até 1947. Três anos depois, estoura, finalmente, com “Se acaso você chegasse”, música que revelou Ciro Monteiro.
Depois do sucesso inicial, emplaca uma atrás da outra. À distância, porque não deixava Porto Alegre por nada (morou alguns meses no Rio, em 1939), Lupi passa a ter Francisco Alves como o principal intérprete, com “Nervos de aço”, “Esses moços”, “Quem há de dizer” e “Cadeira vazia”.
Orlando Silva é outro que grava suas canções, como “Brasa” e “Zé Ponte”, em 1947, ano também de “Felicidade”, sucesso com o conjunto Quitandinha Serenaders. Na década de 1950, a paulista Linda Batista consagra o compositor com “Vingança”, talvez a mais conhecida de Lupinício.
Nos anos 1960, Elza Soares regrava “Se acaso você chegasse” e dá novo momento de fama para Lupi. Depois, ele cai em certo esquecimento, até ser novamente resgatado por Caetano Veloso, com nova versão de “Felicidade”.
Quando morreu, em 1974, Lupicínio Rodrigues estava no topo novamente, cantado por Gilberto Gil, Elis Regina, Maria Bethânia, Jamelão, Gal Costa, entre muitos outros artistas.
Um final merecido ao mestre que transformou a dor de amor em arte.
O homem que colocou a dor-de-cotovelo no dicionário.
“Lupicínio Rodrigues e o samba-canção”, do Arte1:
Fontes:
Um comentário sobre “Lupicínio Rodrigues, 100 anos”