Há 20 anos… dia 9 de agosto de 1994.
Tem gringo no samba!
Se existiu um gringo no Brasil que desmentiu o significado negativo da frase, esse cara foi Lennie Dale. Aqui, ensinou malandragem pra muito malandro e comandou a batucada!
Bailarino, coreógrafo, ator, cantor. Criativo e perfeccionista, balançou as estruturas da produção artística brasileira. Na dança, na música, no teatro. Caiu no samba, rodou a baiana, mostrou seu gingado, inventou, produziu, corrigiu. Viveu paixão platônica com o Brasil. Em retorno, o Brasil se encantou com ele.
Nascido em Nova York, Leonardo La Ponzina chegou ao País em 1960, trazido pelo diretor de teatro Carlos Machado.
Antes, nos Estados Unidos, foi estrela de programas infantis, deu aulas de balé e também chegou a integrar o elenco do famoso espetáculo da Broadway, “West Side Story”.
Viajou para Londres, participou de apresentações com Gene Kelly e ainda foi responsável pela coreografia do filme “Cleópatra”. Acabou amigo da protagonista Elizabeth Taylor. Machado conheceu Lennie nessa época e o trouxe ao Brasil.
Em pouco tempo, tomou conta do pedaço. A coreografia de “Elas Atacam Pelo Telefone” foi só o primeiro ato de uma estrada infinita. Lennie não parou mais.
Conheceu e se encantou com a Bossa Nova e o Beco das Garrafas. E criou uma dança para o novo estilo musical. Cantou e gravou cinco discos pelo selo Elenco. Você já deve ter ouvido a inconfundível versão de “O Pato”!
Entrou de cabeça nos espetáculos de música. E inovou na concepção das apresentações. Ensinou Elis Regina a dançar! Implementou a produção, o ensaio e o trabalho de expressão corporal no cotidiano dos músicos. Não havia nada disso por aqui antes. Instituiu um padrão profissional de produção artística.
O auge em Terra Brasilis foi com o revolucionário Dzi Croquettes. O grupo que abalou as estruturas conservadoras do País em plena ditadura é um marco na vida cultural brasileira. Como os próprios membros do grupo apelidaram, Lennie Dale foi “O Pai” de tudo. Fundou, dirigiu, atuou e deu forma ao Dzi Croquettes. Foi cérebro e coração.
Com o fim da trupe, deu um tempo, respirou e recomeçou. Em 1978, produziu o musical autobiográfico “1.707.839 – Leonardo Laponzina”, com o número de sua carteira de estrangeiro. Também foi responsável pela coreografia da novela Baila Comigo, de 1981.
Ao descobrir que tinha Aids, retornou aos Estados Unidos para se tratar por lá.
Morreu aos 57 anos, em Nova York. Um ítalo-americano de alma brasileira.
Trecho do documentário “Dzi Croquettes”:
Fontes:
Muito obrigado pelo relato, Lia!
Nos adorávamos as aulas do Leni! Quando ele vinha para São Paulo eu nunca faltava! Ele era espetacular. Eu olhei por acaso no Google para. Ver si ele ainda estava por aí . Triste saber que ele se foi tão cedo! Eu agora estou com 82 anos e ainda me lembro com saudades desse tempo! As aulas de Modern jazz dele eram um show E o sapateado também! Eu já havia escrito algo sobre ele, mas gostaria de dizer mais sobre ele!
Eu tive aulas de Modern jazz e de sapateado . Ele vinha para São Paulo onde ele dava estágios . Ele dava as aulas com muita seriedade! Nas aulas todos tinham que ficar ligados e comportados Sinao ele era capaz de largar tudo e ir embora. Já houve um ano que logo no Icita da aula ele olhou para os alunos e falou: vocês são todos uns merdas , ninguém sabe dansar. E foi embora!
Não o conheci pessoalmente mas assisti Dzi Coquettes várias x no Teatro da Praia. Contribuiu mto p o nosso showbiz.
O maior
Eu gostava muito dele, admirava ele demais.