Há 25 anos… dia 28 de maio de 1989.
POR FRED SABINO*
Quem não chorou?
Desde a infância, as 500 milhas de Indianápolis sempre foram um programa de família. Digo isso porque meu avô, um fã de esportes, via todos os eventos esportivos que passavam na televisão e eu ia na carona. Corridas de Fórmula 1, jogos de futebol, vôlei, tênis, etc… Com a Fórmula Indy não era diferente.
Graças ao trabalho de Luciano do Valle, a Bandeirantes passara a transmitir as provas e o grande Emerson Fittipaldi carregava a nossa torcida. Assim como outro ídolo da época, Ayrton Senna, Emerson tinha um carro com as cores e o patrocínio da Marlboro. Em 1988, Fittipaldi foi o segundo colocado nas 500 e havia uma expectativa positiva para a corrida do ano seguinte.
Nos treinos, o “Rei dos Ovais” Rick Mears, vencedor de 1988, cravou uma esperada pole position, seguido por Al Unser Senior, o outro carro da Penske, e Emerson, que corria pela Patrick Racing, mas também pilotava um Penske-Chevrolet. Logo na largada, Emmo mostrou que não estava para brincadeira e passou os dois por fora para assumir a liderança.
Logo na terceira volta, o sempre instável Kevin Cogan sofreu acidente espetacular e partiu o carro ao meio na entrada dos boxes. Depois de longa bandeira amarela, Emerson manteve a liderança na relargada e, melhor, abriu vantagem sobre os adversários. Além disso, ficaram pelo caminho os três carros da equipe Penske (Mears, Unser Senior e Danny Sullivan), e os sempre perigosos Michael Andretti e Bobby Rahal.
Naquele momento, Mario Andretti parecia ser uma ameaça, mas a má sorte do veterano em Indianápolis voltou a atacar e ele ficou para trás. O único obstáculo para o que parecia um tranquilo triunfo de Emerson era o arrojado Al Unser Junior. De fato, Al Jr. quase estragou a festa brasileira. Basicamente tudo começou com uma falha da equipe Patrick, que no último pit stop exagerou na quantidade de combustível no reabastecimento e deixou pesado o carro do brasileiro.
Aos poucos, Unser tirou uma diferença que estava confortável e jantou Emerson a cinco voltas do fim. Mesmo com um carro muito equilibrado, Emerson sofria com o metanol extra, literalmente um peso. Mas na penúltima volta, Al Jr. se enrolou com os retardatários e Fittipaldi saiu melhor da curva 2. Todos prenderam a respiração, inclusive meu avô e eu em casa…
Emerson e Al percorreram a reta oposta lado a lado, separados por poucos centímetros. Ninguém cedeu e uma ligeira, quase imperceptível, saída de traseira do carro de Emerson causou um toque que jogou Unser no muro. Bandeira amarela comemorada aos berros por Luciano do Valle – e por nós em casa! Afinal, ninguém poderia mais tirar a histórica vitória de Emerson, a primeira de um brasileiro em Indianápolis (de quebra, Raul Boesel ficou em terceiro!).
Fittipaldi chorou no Victory Lane e, soube-se depois, Ayrton Senna, pronto para disputar (e vencer) o GP do México de Fórmula 1, também chorou quando foi informado da vitória do Rato.
Aliás, cá entre nós, quantos não choraram naquele dia?
* Fred Sabino, 33 anos, é jornalista esportivo. Trabalhou por dez anos no Grupo LANCE!, onde foi repórter, editor do LANCENET! e editor do núcleo Motor do Diário LANCE!. Desde 2012 está no SporTV, no qual trabalhou no programa “Linha de Chegada”; agora está no Núcleo de Produção do canal.
Veja um VT da corrida, com narração de Luciano do Valle: