Há 45 anos… dia 13 de dezembro de 1968.
O golpe dentro do golpe.
O golpe de misericórdia.
O golpe fatal.
Brasil, dezembro de 1968, sexta-feira 13.
Naquele dia, os militares decretaram o escuro definitivo no Brasil.
O Ato Institucional Nº 5 deu plenos poderes ao Executivo e autorizou o Presidente da República a mandar e desmandar.
Na prática:
– Recesso no Congresso Nacional, em Assembleias Legislativas e em Câmaras de Vereadores por tempo indeterminado.
– Suspensão de direitos políticos de todo e qualquer cidadão por, no mínimo, dez anos.
– Confisco de bens considerados ilícitos.
– Suspensão do habeas-corpus.
Com isso, o País mergulhou em um período definitivo de repressão, censura, tortura e medo.
Os Anos de Chumbo são página triste da História do Brasil, mas precisa ser relembrada, para que nunca mais aconteça.
Vários fatos foram marcantes para que a ditadura militar chegasse ao extremo da supressão total de liberdades.
A história conta que o estopim para o anúncio do AI-5 foi o famoso discurso do deputado Márcio Moreira Alves (MDB), nos dias 2 e 3 de setembro. Alves conclamou o povo a não participar de desfiles militares de 7 de setembro, além de pedir às moças para que se recusassem a sair com milicos.
Outro fator que provocou a ditadura foram os artigos de Hermano Alves, também do MDB, no jornal Correio da Manhã. O presidente Costa e Silva disse que o discurso de Márcio Moreira Alves e as palavras de Hermano Alves eram intoleráveis. Pediu a cassação dos deputados ao Congresso.
No dia 12 de dezembro, a tensão aumentou quando a Câmara rejeitou, por diferença de 75 votos – com colaboração da própria ARENA, o partido do governo -, a cassação de Moreira Alves. A sessão no Congresso foi histórica.
Um dia depois, o Brasil caiu nas trevas.
O AI-5 seria revogado somente em outubro de 1978, no governo Geisel.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Em tempo I: A brilhante foto do post, ideia do jornalista Almyr Gajardoni e de autoria de Roberto Stuckert, virou genial capa da outrora ótima revista Veja, na edição de 18 de dezembro de 1968.
O próprio Almyr nos conta a história: “Eu só não cliquei a câmera. Costumava ficar ao lado do fotógrafo, na nossa bancada na Câmara, sugerindo fotos incomuns de deputados, inimigos conversando baixinho, conversando, às vezes discutindo, outras dormindo no plenário. Essa do Costa e Silva foi uma delas. Ele era ministro do exército e estava esperando o início da sessão sozinho, isolado, sem ninguém com ele. Trabalhava na Folha de S.Paulo nessa época. Depois, quando era chefe da sucursal da Veja em Brasília, a revista precisou de uma foto desse tipo para aquela capa, lembrei dela e comprei do Roberto Stuckert. Ficamos com medo de enviá-la por malote, temíamos a censura, então o repórter José Carlos Bardawil pegou um avião para o Rio de Janeiro, com a foto escondida dentro da roupa, e assim ela chegou sã e salva em São Paulo. Se não me engano, foi a primeira edição de Veja apreendida, por causa da foto da capa.”
Em tempo II: Hoje, 13 de dezembro de 2018, nos 50 anos do AI-5, o Alexandre Giesbrecht lembrou que a foto já havia sido usada na Folha, anos antes. Olho no tweet!
Veja teaser do documentário “AI-05 – O dia que não existiu”, do jornalista Paulo Markun:
Fontes:
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