Há 20 anos… dia 12 de dezembro de 1993.
“Questo gol é per te, buffone”
Quase um ano depois, um novo filme, uma nova história, uma nova conquista.
Trezentos e sessenta e quatro dias após os 2 a 1 contra o poderoso Barcelona, o São Paulo tentava mais um título do outro lado do mundo, dessa vez diante do gigante italiano Milan.
E lá estava o menino de 12 anos, com aquele frio na barriga gostoso, um misto de nervosismo e empolgação.
Na casa são-paulina, todo mundo acordado: pai, mãe, os quatro irmãos (dois meninos e duas meninas, hoje homens e mulheres) e até os gatos, incluindo o Cafu (saudade!).
Cada um tinha um ritual antes de finais. O menino também tinha o dele: se trancava no quarto, esticava a bandeira – vermelha, branca e preta, com o símbolo no meio –, ajoelhava no chão e fazia uma espécie de reza, pedindo mais um título para o São Paulo. Nem precisava pedir.
Naquele tempo, levantar taças era algo natural para o menino são-paulino.
Começou a acompanhar futebol, de verdade, em 1990. Chorou a derrota para o Corinthians, no Brasileiro, e depois foi só alegria. Ficou mal acostumado. Parecia que o São Paulo seria o melhor, sempre.
E ele estava no céu, sempre. O menino e o futebol. O futebol e o menino. Não existe nada mais puro e bonito do que a relação de um menino com o futebol e seu time do coração. Depois, a gente cresce e busca aquele encanto e inocência do passado.
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão
O menino não sabia, claro, mas aquele jogo contra o Milan seria o último recital da Era Telê. De 1991 a 1993, ganhamos tudo. A derrota para o Vélez, na final da Libertadores de 1994, foi o tiro fatal, mas o menino (e o adulto!) preferem marcar a emocionante vitória contra os italianos como o bonito epílogo daquele período maravilhoso. O menino e o futebol. O futebol e o menino.
E que madrugada pro menino!
Se não teve a excelência da de 1992 – São Paulo 2 x 1 Barcelona é o maior jogo que já assisti e assistirei na vida -, a final contra os italianos foi emoção pura.
Só deu pra respirar, de verdade, depois do apito final do francês Joel Quinou.
Na casa no Ibirapuera, com o hino do São Paulo em looping eterno, gritos, abraços, beijos, alegria completa. Uma família feliz.
Hoje, o adulto de 32 lembra a felicidade do menino de 12 quando o Muller, o ídolo do menino, fez aquele gol sem querer querendo. E se emociona com aquela madrugada são-paulina em família.
O menino e o futebol. O futebol e o menino.
Assista São Paulo 3 x 2 Milan, com narração de Luciano do Valle:
Fontes:
Lindo texto, emocionante!