Há 70 anos… dia 23 de janeiro de 1944.
“Nós queremos mais do que uma mera fotografia da natureza. Não queremos pintar quadros bonitos para serem pendurados nas paredes da sala de estar. Queremos criar, ou pelo menos lançar as bases, de uma arte que dá algo para a humanidade. Uma arte que prenda e engaje. Uma arte criada de seu coração mais profundo.”
Edvard Munch é e foi muito mais do que “O Grito”, a obra-prima de sua vida, uma pintura perturbadora e assustadoramente atual.
Criou uma arte do coração, como sonhou e ambicionou criar. Uma arte capaz de emocionar, mexer e remexer lá dentro, nas sinapses e nos ventrículos.
“O Grito” expressa muitos dos sentimentos da conturbada e trágica vida de Munch, morto há exatos 70 anos.
Nascido em Loten, na Noruega, no dia 12 de dezembro de 1863, teve uma infância marcada por tragédias e mortes na família. Segundo de cinco filhos, Munch se mudou para Oslo (então Christiania) com 1 ano de idade.
Aos 5 anos, viu a mãe morrer. Aos 15, a irmã mais velha. A mais nova sofria de doença mental e outra irmã também faleceu posteriormente.
Toda a sua obra tem, sem dúvida, a marca desses acontecimentos. Morte, doença, fragilidade, transitoriedade.
O próprio Munch vivia adoentado, fato que atrapalhou em seus estudos. Tanto que, em 1880, aos 17 anos, ele abandona a escola e se torna pintor. No ano seguinte, ingressa na Royal School of Art and Design, em Christiania. Mostra talento para seus professores, o escultor Julius Middelthun e o pintor naturalista Christian Krohg.
Nesses primeiros anos, Munch é influenciado pelo Naturalismo e Impressionismo e pelos pintores Manet e Courbet.
Em 1889, chega à Paris para a “Exposition Universelle”, na qual tem trabalhos expostos com outros dois noruegueses. Na capital francesa, conhece e se encanta com as obras de Gauguin, Van Gogh e Toulouse-Lautrec, em especial a maneira como esses três pintores conseguem expressar emoção com as cores e as formas.
Começa a transformação de seu estilo até chegar ao Expressionismo, do qual é um dos maiores expoentes.
Em 1892, vai para Berlim e inicia um novo ciclo. Conhece pintores, escritores, críticos, artistas e solidifica conceitos para sua obra-prima.
“O Grito” é o ponto final da missão que Munch se colocou como artista: “o estudo da alma, que é o estudo de mim mesmo”.
Depois de “O Grito”, começa a se interessar por gravura. Em 1896, muda-se para Paris, estuda e cria novas técnicas para a categoria. Volta para Christiania no ano seguinte, mas mantém uma casa na capital francesa, na qual visita frequentemente nos anos seguintes.
Em 1908, Munch tem um surto nervoso e inicia um declínio. Os primeiros anos da vida, o alcoolismo e a depressão foram demais para ele.
A grande verdade é que Munch viveu sob as sombras de sua infância. Nunca quis tratar os problemas de alcoolismo e depressão, porque acreditava que as sombras eram a fonte de sua arte. Temia que a luz matasse tudo.
Talvez estivesse certo.
Morre em 1944, em sua casa, em Ekely, perto de Oslo.
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Documentário sobre a vida de Edvard Munch:
Fontes: