Morre o ator Grande Otelo

Há 20 anos… dia 26 de novembro de 1993.

26nov13

“Ele já foi chamado de bastião de prata da cultura nacional. Sebastião Bernardes de Souza Prata, mais conhecido como Grande Othelo, foi artista que cruzou praticamente todas as correntes das artes brasileiras, do teatro de revista ao Cinema Novo, das chanchadas da Atlântida às novelas da Globo”.

Em edição de 27 de novembro de 1993 do Estadão, o jornalista e cineasta Evaldo Mocarzel descreveu a trajetória de um dos maiores atores do Brasil.

Ou o maior de todos, na opinião do diretor Orson Welles, que também se referia a Otelo como “gênio”.

A amizade entre Welles e Otelo nasceu na época das filmagens de It’s All True, em 1942. “Bebemos muita cachaça juntos”, disse o mais brasileiro de todos os artistas. “Não sou parte da cultura brasileira. Eu sou a cultura brasileira”, brincava, com os habituais deboche e bom humor.

Como bem escreveu Mocarzel, Otelo passou por todos os espaços de produção artística nacional.

Nascido em Uberlândia não se sabe quando, escolheu 18 de outubro de 1917, data de seu batizado, como o dia de sua chegada ao mundo. Escolheu também o nome: Sebastião Bernardo da Costa.

Tempos depois, quando foi tirar certidão de idade, mudou o nome e a data de nascimento. Homenagem ao filho da patroa da mãe, Maria Abadia, o Sebastião ficou. Bernardo virou Bernardes, em homenagem a Artur Bernardes, de quem Otelo era admirador. Manteve o Souza da mãe, mas adicionou o Prata. O nascimento ficou registrado para dois anos a menos: 18 de outubro de 1915.

Em 1935, Sebastião Bernardes de Souza Prata virou Grande Otelo por obra do ator Jardel Jércolis (pai de Jardel Filho), que passou a chamar o já talentoso artista de The Great Othelo. A versão em português, sem o “H”, acabou pegando.

Quando chegou à Companhia Jardel Jércolis, já tinha estrada no ramo artístico. Havia deixado Uberlândia aos 8 anos de idade e partido para São Paulo, adotado por uma companhia de artistas mambembes.

Na década de 1920, participou da Companhia Negra de Revistas, que tinha Pixinguinha como maestro, e interpretou, com apenas 12 anos, o pastorzinho na ópera “Tosca”, em pleno Teatro Municipal do Rio.

Nas décadas de 1930 e 1940, foi artista no glamouroso Cassino da Urca e chegou a ser convidado por Walt Disney para fazer a voz de Zé Carioca. Ao lado de Oscarito, protagonizou dupla imortal dos tempos das comédias e chanchadas da Atlântida.

Fez mais de 140 filmes, com destaques para “Macunaíma” (1969) e “Rio, Zona Norte” (1957), participou de inúmeras novelas e séries na TV e nunca deixou o teatro, sua grande paixão.

Teve vida pessoal conturbada e com episódios trágicos, como o suicídio da mulher após ter matado o próprio filho com Otelo, de apenas dois anos.

Grande Otelo morreu em Paris, aos 78 anos de idade, vítima de um acidente cardiovascular no momento em que desembarcava no aeroporto Charles De Gaulle.

José Prata, um dos filhos, acabou seguindo a carreira artística do pai.

Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.

Veja “Macunaíma”:

– Acervo Estadão

– ctac.gov.br

– Wikipédia

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