Há 35 anos… dia 27 de novembro de 1978.
“My name is Harvey Milk and I want to recruit you.”
Se você já assistiu “Milk” ou “The Times of Harvey Milk”, conhece a história dele. Tanto o filme de Gus Van Sant – com um extraordinário Sean Penn – quanto o documentário de Rob Epstein contam quem foi Harvey Bernard Milk.
Figura fundamental na luta dos gays por direitos nos Estados Unidos, virou um mártir da causa LGBT no país e conhecido em todo o mundo.
Há 35 anos, teve a bonita trajetória interrompida por um ato insano de uma mente perturbada.
Nascido em 22 de maio de 1930, na cidade de Woodmere, no estado de Nova York, filho caçula de William e Minerva, judeus lituanos, Harvey se descobriu homossexual na adolescência, mas se manteve no armário por muito tempo. Tanto que ninguém desconfiava, nem no colégio e muito menos na faculdade.
A defesa da causa gay surgiu bem mais tarde, nos anos 1970, quando se muda para San Francisco, depois de se engajar na luta por direitos civis e em movimentos de contracultura da década de 1960.
Chega em San Francisco em 1972, época do início do movimento de migração de homossexuais de todo o país em direção à cidade da Califórnia. Vai morar no Castro, bairro que começava a ficar famoso por abrigar gays, mas decadente naquele momento.
O crescimento do movimento gay impulsiona o Castro. Com os últimos dólares que lhe restavam, Milk abre uma loja de fotografia e começa a se engajar na causa dos homossexuais. Pouco tempo depois, decide concorrer ao cargo de supervisor da cidade, equivalente a vereador no Brasil.
Na primeira eleição, em 1973, sem apoio explícito dos políticos gays de San Francisco, tem poucos votos. Dois anos depois, mais fortalecido e conhecido e apoiado por setores importantes, como caminhoneiros, bombeiros e sindicatos, consegue votação expressiva, maior do que o candidato eleito para a Assembleia Legislativa da Califórnia, por exemplo. Porém, perde novamente.
A nova derrota se transforma em vitória em 1976, quando o recém-eleito prefeito George Moscone o indica, conforme promessa de campanha, a cargo no Comitê de Apelação de Licenças. Milk se torna o primeiro comissário abertamente gay de uma cidade nos Estados Unidos.
Tem outra derrota quando tenta concorrer a um cargo na Assembleia, mas os fracassos nas urnas o fortalecem. Em 1977, finalmente, a esperada consagração: Harvey Milk é eleito supervisor de San Francisco e entra para a história como o primeiro gay em um cargo público na Califórnia.
Em 11 meses de mandato, consegue importantes vitórias, como a aprovação de lei sobre os direitos dos gays na cidade, e se aproxima muito do prefeito Moscone. Mas a sua causa incomoda setores conservadores e velhas forças políticas da cidade.
Uma delas é Dan White, colega de Milk no Conselho de Supervisores. White vira inimigo fervoroso dentro do Conselho depois de Milk mudar de ideia sobre uma lei, uma das bandeiras de White na campanha.
No início de novembro de 1978, White renuncia ao cargo dizendo que o salário não era suficiente para sustentar a família. Tempos depois, pede o cargo de volta ao prefeito Moscone, que concorda, de início. O prefeito mudaria de ideia e anunciaria a decisão em coletiva de imprensa.
Pouco antes da conferência, White entra no gabinete do prefeito e o mata com três tiros na cabeça. Minutos depois, chama Milk para sua sala e dispara cinco tiros, dois na cabeça.
Harvey Milk morreu aos 48 anos. Foi cremado e as cinzas jogadas no Oceano Pacífico.
Hoje, existem inúmeras homenagens a ele em San Francisco, incluindo a Praça Harvey Milk, entre as ruas Castro e Market.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Assista ao trailer do documentário “The Times of Harvey Milk”:
Fontes:
Um comentário sobre “Político e ativista Harvey Milk é assassinado nos EUA”