Há 40 anos… dia 23 de setembro de 1977.
“Aumenta o som!”, ela diz, braços abertos, olhos fechados, vento no rosto, meio corpo para fora do carro.
O som é “Heroes”. O refrão redentor de “Heroes”. As palavras assustadoramente belas de David Bowie. A melodia magnífica dele e de Brian Eno.
Todos podemos ser heróis, mesmo que somente por um dia.
A cena é do também assustadoramente belo “As Vantagens de Ser Invisível”. Um filme sobre se encontrar, encontrar os pares e os opostos neste vasto mundo, buscar-se a si mesmo na efêmera existência.
Nada mais Bowie.
Lançada há 40 anos, “Heroes” é daquelas canções que se renovam, ganham novos significados, se reciclam a cada geração. Como o próprio Camaleão. Tem frescor e urgência a cada audição. Tem beleza e força ao passar dos anos. Tem graça e absurda potência.
Um hino.
A história da inspiração para a letra traz simbolismos de raro poder. Um casal se beijando do lado do Muro de Berlim, como se nada fosse cair. Como se fosse eterno.
Depois, ficou-se sabendo que eram o produtor Tony Visconti e a namorada italiana Antonia Maass. À época, uma paixão proibida, já que Visconti era comprometido.
A melodia hipnotizante, futurista e sequencial, repetitiva tal qual um sonar (será daí o motivo da citação do golfinho?), nos agarra tanto quanto a letra. Obra com pitadas de mestre de Brian Eno.
O refrão lá em cima, com Bowie rasgando as cordas vocais, é excerto para a eternidade, patrimônio sonoro da humanidade.
“We can beat them, forever and ever!”
“Aumenta o som!”, põe o fone e explode junto com o Camaleão!
Onde quer que esteja, obrigado por nos fazer heróis, caro Bowie.
Obrigado por nos tornar brevemente eternos.
Em tempo: alerta o primo Arthur, leitor inveterado, que o filme é baseado no livro The Perks of Being a Wallflower!
“Heroes”:
A cena do filme:
Fontes e +MAIS:
– nme.com