“Garota de Ipanema” é apresentada ao mundo

Há 55 anos… dia 2 de agosto de 1962.

Rio de Janeiro, 2 de agosto de 1962, terça-feira. Noite quente de “inverno” carioca.

Na inauguração da boate Au Bon Gourmet, em Copacabana, três mitos da música brasileira: João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes.

Um show com nome apropriadíssimo, “O Encontro”, e ilustre participação d’Os Cariocas, além de Milton Banana (bateria) e Otávio Bailly (contrabaixo).

A noite de estreia caminhava para o fim, já madrugada adentro, quando a História aconteceu.

Ao dedilhado do piano de Tom, João puxa o diálogo:

– Tom e se você fizesse agora uma canção… Que possa nos dizer… Contar o que é o amor?

O maestro responde, chamando Vinicius:

– Olha, Joãozinho… eu não saberia sem Vinicius para fazer a poesia…

O poetinha devolve para o baiano de Juazeiro:

– Para essa canção se realizar, quem dera o João para cantar…

João encerra o preâmbulo. E o mistério!:

– Ah, mas quem sou eu? Eu sou mais vocês. Melhor se nós cantássemos os três!

E o trio começa:

Olha que coisa mais linda

Mais cheia de graça

É ela menina

Que vem e que passa

Num doce balanço

Caminho do mar

O primeiro e único encontro do trio nos palcos apresentou “Garota de Ipanema” ao mundo e encerrou o ciclo da Bossa Nova como movimento musical, como escreve Ruy Castro em Chega de Saudade:

“A temporada de O Encontro no Bom Gourmet foi, provavelmente, o maior momento da Bossa Nova no Brasil. Salvou a sua música numa época em que o movimento se esgotara como novidade e em que até a propaganda o abandonara por outros apelos mais comerciais.”

Na mesma lendária temporada no Au Bon Gourmet, também estrearam as músicas “Só Danço Samba” (Tom & Vinicius), “Samba do Avião” (Tom), “O Astronauta” e “Samba da Bênção” (Vinicius & Baden).

Foi, de fato, a despedida da Bossa Nova. E também o momento final de Tom e Vina como parceiros.

“Era o fim da parceria Tom e Vinicius, embora a amizade se prolongasse pelos próximos milhares de pileques. Mas, se para que deixassem de trabalhar juntos, não poderia haver maior canção de despedida do que uma das últimas canções que eles fizeram: ‘Garota de Ipanema’”, finaliza Ruy Castro.

Em novembro, a Bossa Nova teria seu “lançamento” nos Estados Unidos, no igualmente histórico Concerto no Carnegie Hall.

Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.

Em tempo: não deixe de clicar nos links, como o do Acervo da Folha, que conta sobre o lançamento do CD daquele “Encontro” em 1992, detalhando como foi feito o registro do show. Imperdível.

Foto do post: do livro Chega de Saudade, com créditos para Acervo Flávio Ramos.

“Garota de Ipanema”:

Fontes e +MAIS:

– Acervo Folha

– Livro Chega de Saudade, de Ruy Castro

– veja.abril.com.br

– g1.globo.com

– musica.uol.com.br

– memorialdademocracia.com.br

– static.wixstatic.com

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