Há 40 anos… dia 21 de maio de 1976.
Hoje, pela centésima vez, a bandeira do artista nacional estará mais uma vez sendo desfraldada no palco do Teatro Bandeirantes. Rota e esfarrapada bandeira do artista nacional. Essa profissão marginal que nem existe. Que se junta aos sessenta mil músicos desempregados, também lembrados no espetáculo “Falso Brilhante”.
Na Folha de 21 de maio de 1976, Walter Silva, o Pica-Pau, produtor e jornalista musical, se rasga em palavras para exaltar aquela que, possivelmente, melhor – e mais visceralmente – encarnou o papel do artista na História da MPB.
Certamente, a maior voz feminina que já passou por essa Terra Brasilis.
Timing perfeito.
Era o auge da carreira de Elis Regina Carvalho Costa. “Falso Brilhante”, que estreara em dezembro de 1975, chegava à centésima apresentação. Amparado pelo show, o disco homônimo, lançado em fevereiro, estourava. Todos os holofotes eram dela.
Corajosa, teimosa, visceral, Elis não somente negou o falso brilhante, o vil metal, mas concebeu algo completamente inovador e moderno no show business brasileiro. Um espetáculo revisitando a própria vida. A vida de artista.
Ao lado da atriz e diretora Mirian Moniz, do irmão Rogério Costa, do cenógrafo e artista plástico Naum Alves de Sousa e do músico – e marido – César Camargo Mariano, ela fez história.
Música, teatro, circo, tudo. Quarenta e duas canções (incluindo todas de Falso Brilhante, claro), choro, emoção, coração. É Elis Regina em estado puro.
“O que dizer de um espetáculo que logo no primeiro número põe as pessoas da plateia em pé e em estado de semidelírio? Um espetáculo que, ao final do primeiro ato, faz com que os espectadores se abracem e chorem juntos?”, indagou o mesmo Walter Silva, em texto anterior, na mesma Folha, por ocasião da abertura de “Falso Brilhante”.
Não tem nada pra dizer, caro Pica-Pau. Tem de ouvir e sentir.
“Falso Brilhante” ficou em cartaz por 14 meses, até fevereiro de 1977, não somente no Teatro Bandeirantes, mas também em outros palcos Brasil afora.
Em janeiro de 1982, o mesmo teatro paulistano recebeu o velório da maior cantora que esse País já viu.
Mas essa (triste) história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Trecho do show, no Especial Elis, da Bandeirantes:
Fontes e +MAIS:
Maisa,
Muito obrigado pelas palavras, pela audiência e pela observação!
Nas minhas pesquisas sobre “Falso Brilhante”, o espetáculo, encontrei menções de que o show rodou algumas cidades além de São Paulo. Claro, as fontes podem estar erradas também! De qualquer forma, agradeço novamente seu comentário!
Muito obrigado!
Continue com o efemérides!
Abraço,
Fernando.
Ótimo post sobre a maior cantora que o Brasil já teve. Uma única correção, se me permite, é que o show Falso Brilhante nunca viajou. Fez sua temporada de 14 meses em São Paulo e encerrou sua carreira ali mesmo. Elis estava grávida, ao final da temporada. De tanto os brasileiros reclamarem da ausência do Falso Brilhante em outras cidades, em seu show seguinte, Transversal do Tempo, Elis viajou por muitas cidades, inclusive no exterior. Tirando esta informação, excelente artigo. Obrigado.