Há 30 anos… dia 19 de junho de 1987.
“Eu estava no açougue do Hipercor, servindo. Ouvi um barulho muito alto. O chão se abriu e do teto começou a cair água fervente. Minha memória mais vívida é do cheiro de carne queimada. O carro-bomba explodiu no nível inferior, um metro e meio de onde estava. A fumaça subia por uma fenda e, embora ferido, consegui sair”.
Roberto Manrique foi um dos que conseguiram escapar do terror perpetrado pelo ETA naquela tarde, em Barcelona. Não sem sequelas, é verdade. Mas com lucidez suficiente para relembrar detalhes da barbárie.
Vinte e uma pessoas não tiveram o mesmo destino. Sucumbiram ao mais sangrento atentado da história da organização separatista basca. Outras 45 saíram feridas.
Cinco minutos antes de detonar 30 quilos de explosivos e mais 100 litros de gasolina dentro de um Ford, o ETA (“Pátria Basca e Liberdade”) chegou a ligar para o diário catalão Avui, avisando sobre o atentado e já reivindicando autoria.
“Uma outra chamada tinha sido feita para o próprio supermercado, 45 minutos antes. No momento da explosão, a polícia realizava buscas, na tentativa de evitar o atentado, mas era impossível revistar as centenas de carros do estacionamento, além de outros locais onde a bomba poderia estar escondida”, reportou o Estadão, em edição de 20 de junho de 1987.
Estado e também a Folha repercutiram a firme e enérgica resposta do primeiro-ministro Felipe González, que coincidentemente estava no Brasil, em viagem oficial. “Creio que, frente ao terrorismo, é melhor agir que fazer grandes declarações”, disse González, definindo o ETA como “uma organização de criminosos que têm que ser erradicados da convivência social”.
Foi exatamente isso que, gradualmente, aconteceu. O ato em Barcelona foi uma espécie de gota d’água e, a partir da tragédia, houve grande mobilização para que o grupo se enfraquecesse e, por fim, acabasse.
O término real viria somente em 2011.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
O atentado:
Reportagem da TV3, da Catalunha (em catalão):
Fontes e +MAIS: