Há 20 anos… dia 8 de junho de 1997.
Parecia um déjà vu coletivo.
Era, de novo, o Brasil na frente da TV, a idolatrar um gênio do esporte, em um domingo de manhã.
As semelhanças, porém, param por aí.
Já na alvorada de sua história, o menino sorridente de Floripa deixou bem claro: “não tem essa de ser herói.”
Amparado por uma destemida e doce matriarca, um sensato e amoroso irmão mais velho e um guerreiro irmão caçula, além de um austero e paternal treinador, Gustavo Kuerten recusou o papel de salvador da nação.
Nada mais correto.
Afinal, à parte o óbvio fato de retirar dos ombros o pesadíssimo fardo de esperança de um País inteiro, havia um abismo colossal entre ele, Guga, e Ayrton Senna, o “antecessor”. Eram – e são! – praticamente opostos em personalidade.
Como poucos, Senna abraçou a jornada do herói solitário. Vaidoso, impetuoso, egocêntrico, quase perturbado, genioso e genial, colecionou glórias e fãs, mas também inimigos. A trágica morte lhe conferiu o status de semideus.
Na contramão, Guga rejeitou a estrada solo de protagonista. Despojado, impetuoso, gregário, sempre leve e descontraído, o “Manezinho” genial colecionou glórias e fãs. Ponto. Nem a triste e dramática abreviação da carreira lhe conferiu status sobrenatural. Ao contrário. Ficou ainda mais humano.
Celebrar os 20 anos de seu nascimento no cenário do tênis mundial é perceber que nada mudou. Guga segue sendo aquele mesmo moleque que, com 19 anos, sorriso fácil, roupas coloridas e gigantesco talento, assombrou o mundo.
Dentro das quadras do saibro sagrado de Roland Garros, derrubou, um a um, tenistas gigantes.
Fora, conquistou, um a um, milhões de corações. Por sua simplicidade e alegria sinceras, sem nenhuma afetação.
O dia 8 de junho de 1997 foi só o início da linda jornada de um cara absolutamente espetacular.
Os outros capítulos ficam pra um outro dia… Porque todo dia é histórico.
Em tempo: no fantástico vídeo oficial de Roland Garros em memória e homenagem ao primeiro título de Guga em Paris, é muito bonito perceber a união da família Kuerten. Note como, em vários momentos, ele se refere às próprias vitórias no plural. Emblemático.
Vídeo oficial de Roland Garros:
Último ponto e comemoração, na transmissão da TV Manchete:
Fontes e +MAIS: