27 de maio de 1967
“I am back”.
“Estou de volta”, garantiu ele, em vídeo de dias atrás.
Incrível.
Só Paul John Gascoigne sabe da própria montanha-russa. Dos incontáveis tombos. Das inúmeras feridas abertas. Das derrotas e das porradas. Do álcool, das drogas, da depressão, da solidão.
Então, celebrar os 50 anos de vida com espírito de recomeço, de renovação, é uma benção. E Gazza merece, a exemplo de todo e qualquer ser humano que sofra com o alcoolismo, a dependência, a depressão. Toda pessoa que lute, dia após dia, para se levantar.
Ele segue na luta. E é muito bom que este post seja um tributo para alguém vivo, de fato. Porque Gascoigne flertou com o fim incalculáveis vezes, vezes demais.
Felizmente, o irreverente cara nascido em Gateshead, nordeste da Inglaterra, está aqui para receber todas as homenagens, para relembrar tantas histórias e para comemorar a 50ª primavera de uma vida intensa.
Vida a milhão. Em campo e fora dele.
Nos gramados, Gazza surgiu como um talento gigantesco, aos 18 anos, no Newcastle. Três anos depois, a transferência para a casa onde seu futebol brilharia com mais força e beleza, o Tottenham. Entre 1988 e 1992, ele foi mágico. Pelos Spurs e pelo English Team.
Depois, veio o período turbulento no futebol italiano, na Lazio. Época de raros momentos bons. Tempo para esquecer. E Gazza passaria a borracha renascendo na Escócia, com a camisa do tradicional Glasgow Rangers. Anos felizes. Os derradeiros.
De março de 1998 até julho de 2004, Gascoigne perambulou, sem quase nenhum destaque, por Middlesbrough, Everton, Burnley, Gansu Tianma (China) e, por fim, Boston United (time menor da Inglaterra).
Além do Tottenham, pelo qual levou a Copa da Inglaterra de 1991, e dos Rangers, em que conquistou duas taças do Campeonato Escocês (1996 e 1997), entre outros títulos, Gazza é lembrado por suas performances e irreverência com a camisa da Inglaterra.
O eterno gol contra a Escócia em Wembley, na Euro de 1996 – esmiuçado em texto brilhante do amigo Tom Watt -, e, especialmente, a magia (e a fúria) na Copa do Mundo de 1990, conduzindo, com Lineker, o time de Bobby Robson até as semifinais, são capítulos inesquecíveis, certamente rememorados no dia de hoje.
Sobre o mundial da Itália, uma outra historinha além do choro contra os germânicos e que sintetiza a personalidade do homem. Está no ótimo livro sobre os homenageados do Hall of Fame do National Football Museum.
Vestiário antes da grande semifinal contra a esquadra de Lothar Matthäus. Preocupado em mostrar ao menino de apenas de 23 anos a dimensão do desafio à sua frente, Bobby Robson se aproxima para um diálogo:
– Você tem de saber que vai jogar contra o melhor meio-campo do mundo.
Ao que o intrépido Gazza responde, de sem-pulo, como faria naquele gol em Wembley:
– Não, Bobby. Ele que vai.
Feliz aniversário, Gazza!
Em tempo: o nome do aniversariante é uma homenagem da mãe, Carol, a John e Paul! Beatlemaníaca das boas essa…!
A lenda, em gols, em lances, em histórias e em depoimentos:
Ferguson fala sobre Gazza:
Fontes e +MAIS:
– bbc.com