Há 45 anos… dia 23 de março de 1972.
Estádio Palma Travassos, Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
Em campo, Comercial e Olaria.
O time local abre 2 a 0, mas os cariocas descontam.
Já na metade da segunda etapa, ataque da equipe de azul e branco. O chute cruzado vem quente e o goleiro Paschoalin tem de se virar para espalmar. No rebote, o destino coloca a redonda no pé direito do cansado homem de 38 anos.
Sem cerimônia, ele empurra a pelota para as redes.
Gol número 283 de sua vida. Último gol de sua vida.
Em 23 de março de 1972, vestindo o manto do Olaria, o gênio de pernas tortas chamado Garrincha anotou seu derradeiro gol oficial.
“…o empate foi feito através de Garrincha, que esteve num de seus grandes dias”, relatou a Folha, em notinha na seção de Esportes.
Fica a memória de quem esteve presente naquela noite. Em especial, uma pessoa, coadjuvante do último ato de Mané.
“O Garrincha não parecia ser jogador, uma pessoa famosa. Hoje, eu fico feliz de ter tomado um gol dele. Ele tinha a condição técnica dentro de si, mas já não tinha corpo para aquilo. Mas o pouquinho que ele fez foi o bastante para podermos rever o que ele tinha feito”, relembra, orgulhoso, Paschoalin, em especial do Esporte Espetacular (vídeo abaixo).
A passagem pelo modesto time da Zona Norte do Rio foi curta e um tanto melancólica, como conta Ruy Castro em Estrela Solitária.
Agora que não precisava ser tão assíduo, Garrincha ia todo dia ao campinho da rua Bariri. Ninguém lhe pedia para treinar ou fazer ginástica. Deixavam-no à vontade, mas, por conta própria, dava duas ou três voltas ao redor do campo, quase sempre caminhando. Às vezes arriscava uma corridinha. Gostava também de participar das brincadeiras de bobo com os outros jogadores – que nunca o deixavam ser o bobo.
A tristeza era evidente nos seus olhos injetados, como no dia em que admitiu para Roberto Pinto [técnico]:
“Eu sinto tanto não poder fazer mais o que eu fazia, Roberto”.
De fevereiro a agosto, Garrincha jogou dez partidas pelo Olaria, incluindo amistosos e o campeonato carioca. Venceu duas, empatou quatro e perdeu quatro. Seu único gol foi num amistoso contra o Comercial de Ribeirão Preto.
Menos de 10 anos depois daquele dia, Garrincha partiu para virar anjo de vez.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
A história de Garrincha no Olaria, em matéria do Esporte Espetacular:
Fontes e +MAIS:
Que fantástico, Luiz!!!
Experiência inesquecível.
Grande abraço,
Fernando.
Eu assisti a esse jogo,inclusive conversei com ele em um bar perto do hotel,gente simples demais.