Bob Dylan lança o primeiro álbum

Há 55 anos… dia 19 de março de 1962.

POR DANIEL SETTI*

Bob Dylan expandiu enormemente as fronteiras do que uma canção popular poderia ser, tanto por sua capacidade infinita de escrever letras primorosas e longas – muitas vezes também enigmáticas – sobre qualquer assunto, quanto pela maneira de apresentá-las ao mundo.

Primeiro fez-se conhecer como um trovador solitário na tradição folk americana, em companhia apenas de um violão e uma gaita; em seguida, pegou muita gente no contrapé ao se reinventar na pele de um roqueiro elétrico, psicodélico, provocador e arredio a qualquer rótulo que a imprensa, os fãs e os detratores insistiam em atribuir-lhe (“profeta” era o mais comum). 

Início como intérprete

Mas vale lembrar que, como qualquer outro colega, Dylan iniciou sua trajetória rumo ao sucesso exclusivamente como intérprete de composições já existentes.

E foi durante esta fase, quando sua Minnesota natal já ficara para trás e ele dava duro como humilde cantor de cafés em Nova York, que Robert Allen Zimmerman foi convidado pela Columbia para gravar o seu primeiro disco.

Registrado em duas sessões de novembro de 1961 pelo aspirante a astro de então 20 anos de idade, Bob Dylan chegou às lojas em 19 de março de 1962, trazendo apenas duas músicas autorais entre as 13 faixas.

Uma das novidades era “Song to Woody”, tributo ao cantor Woody Guthrie (1912-1967), ídolo que, internado em um hospital com severos problemas de saúde, foi visitado por Bob em diversas ocasiões.

Mas a maioria era formada mesmo por canções de domínio público, comuns nos set lists de shows de artistas folk, com pausas para composições tais quais “See They My Grave is Kept Clean”, do craque do blues Blind Lemon Jefferson (1893-1929). 

Disco ofuscado pelos seguintes

Uma desproporção que não combinava com a inquietude do músico, naquele momento já acostumando-se a compor compulsivamente, conforme ele mesmo afirmaria a Martin Scorsese no ótimo documentário No Direction Home (2005).

O fato de ser um álbum dominado por covers frequentemente fez com que fosse ofuscado pelas obras-primas que ele lançaria a partir de The Freewheelin’ Bob Dylan (1963), todas recheadas até a tampa de composições escritas por ele. Mesmo assim é, além de histórico, um belo álbum. 

* O jornalista, músico e DJ paulistano Daniel Setti tem 38 anos e mora em Barcelona desde 2006. Publicou 100 listas musicais pitorescas no blog lavemomaladalista.blogspot.com.br, tem mais 82 inéditas prontas e outras 456 em construção.

Ouça, em mono e estéreo:

“House of the Risin’ Sun”, em trecho extraído de No Direction Home:

+MAIS:

– bobdylan.com

– Wikipedia

– Wikipédia

– allmusic.com

– hollywoodreporter.com

– nme.com

– mentalfloss.com

– rollingstone.com

– theguardian.com

– dylanesco.com

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