Há 45 anos… dia 24 de janeiro de 1972.
“Como num conto de ficção, o tempo havia parado para êle no longínquo 1944.”
Um conto de ficção. Preciso o tom do relato do Estadão sobre a incrível história de Shoichi Yokoi.
Agosto de 1944.
Quando as forças americanas recuperaram o controle da ilha de Guam, após batalha homônima, o sargento do Exército Imperial Japonês escafedeu-se. Ele e outros nove. Dos 10, apenas 3 ficaram na região da densa floresta.
Até o ano de 1964, mesmo separados, Yokoi e os outros dois se viam constantemente. Naquele ano, os dois colegas acabaram morrendo em uma enchente. A partir de então, era apenas Shoichi Yokoi e a natureza selvagem.
Vinte e sete anos se passaram…
Na noite de 24 de janeiro de 1972, Jesus Dueñas e Manuel De Gracia, dois pescadores locais, checavam suas armadilhas para camarão no Rio Talofofo. Ao avistarem um homem magro e barbudo, imaginaram estar diante de um habitante da ilha.
Subitamente, o hirsuto anônimo se investiu contra os dois. Mais preparada, a dupla conseguiu conter o ímpeto de Yokoi, fisicamente frágil, sem condição alguma de fazer frente em qualquer disputa corporal.
Dueñas e Gracia tiraram da floresta o pobre homem, que implorava para ser executado ali mesmo. Ignorando a súplica de Yokoi, a dupla o levou até um posto policial da ilha, depois a um hospital.
Então, todos ficaram sabendo da incrível história do sargento japonês Shoichi Yokoi. Um dos tantos combatentes nipônicos que ou não acreditaram ou desconheceram sobre o fim da 2ª Guerra Mundial (leia aqui). Um dos últimos soldados sumidos a ser localizado.
Por quase 28 anos, ele sobreviveu dentro de uma caverna que construiu, se alimentando de frutos silvestres, caça e peixe. “Continuo com a impressão de que a qualquer momento acordarei”, disse, ainda atônito, ao contar sua inverossímil jornada aos jornalistas.
“Jamais ouvira falar em Sputnik, Lunik ou Apolo, não fazia idéia de que o homem já havia conquistado a Lua. O imperador continuava sendo sagrado e a guerra, para êle, não havia acabado”, escreveu o Estadão, na edição de 26 de janeiro.
Que história.
Shoichi Yokoi retornou ao Japão, onde se tornaria herói de guerra e figura nacionalmente respeitada, sendo recebido constantemente pelo imperador Akihito. Foi tema de documentário e morreu em 1997, aos 82 anos.
Em março de 1974, o tenente Hiroo Onoda seria o penúltimo “dissidente” encontrado, dessa vez nas Filipinas.
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
Shoichi Yokoi retorna ao Japão:
Fontes e +MAIS:
– bbc.com