Há 10 anos… dia 5 de novembro de 2006.
“Último quilômetro da badalada Maratona de Nova York, e Marilson Gomes dos Santos olha diversas vezes para trás.
Procura os quenianos, sempre apontados como favoritos, e parece não acreditar que a tática de se desgarrar do pelotão na metade final da prova o conduzia para um feito inédito.
Usando luvas e proteção na cabeça e nos braços por causa da temperatura -9C, com sensação térmica de 6C-, o brasiliense de 29 anos cruzou a linha de chegada após 2h09min58s. Os africanos não o alcançaram. Nunca um atleta da América do Sul terminara o evento na primeira posição.”
A abertura da reportagem do grande Guilherme Roseguini na Folha de 6 de novembro de 2006 resume com precisão o feito histórico do brasileiro Marilson Gomes dos Santos nas ruas de Nova York, uma década atrás.
Aula de texto. Está tudo ali: a estratégia de Marilson para superar os temidos quenianos, a baixa temperatura como o grande obstáculo, o ineditismo e real peso da vitória brasileira (e sul-americana) e, principalmente, a emoção.
“Eu disparei nos 30 km porque haviam muitos atletas juntos. Queria ver se alguém me acompanharia, fiquei esperto, mas ninguém me alcançou”, falou Marilson, após o incrível feito.
Não teve pra ninguém, mesmo. Tanto que o então campeão na Big Apple e detentor do recorde em maratona na época se rendeu completamente ao desempenho de Marilson.
“Quando, no quilômetro 30, eu vi que ele abriu tamanha vantagem na nossa frente, eu já sabia, àquela altura, que ele venceria a prova”, disse o queniano Paul Tergat, lenda do atletismo, cinco vezes campeão da São Silvestre, em entrevista para Adriana Carranca, do Estadão.
Terceiro colocado, Tergat foi um dos três quenianos que o brasileiro deixou pra trás no pelotão da frente. Stephen Kiogora, o segundo, e Daniel Yego, o quarto, também sucumbiram ao arranque de Marilson a partir da marca dos 30 km.
Uma estratégia treinada durante um mês, na cidade de Campos do Jordão, em São Paulo. Local de montanhas e, principalmente, de clima frio, o que ajudou na ambientação às temperaturas de Nova York do início de outono, maior desafio para o brasileiro.
Dez anos atrás, Marilson dos Santos entrou pra História.
E repetiria o feito na cidade que nunca dorme dois anos depois, deixando, de novo, Paul Tergat comendo poeira!
Mas essa história fica pra outro dia… Porque todo dia é histórico.
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