Há 10 anos… dia 27 de outubro de 2006.
“Caramba, isso só pode ser Motown! Deve ser uma negona do sul, que, sei lá por que, não foi gravada na época.”
Imaginei o Barry Gordy em pessoa encontrando umas másters empoeiradas no porão da própria casa em Detroit, em uma noite de memórias regada a whisky local…
No dia seguinte, ainda embevecido e enternecido pelo passado, ligou pro Stevie Wonder pedindo que arranjasse o material todo para lançar.
Nada disso.
Era, sim, uma britânica do século 21, do norte de Londres, judia, magrela, com sotaque engraçado, trazendo de volta um espírito que parecia nunca mais voltar.
Back to Black. Volta para os negões e para as negonas, ela apontou, junto dos incríveis Salaam Remi e Mark Ronson.
Amy Jade Winehouse.
De onde você veio!?
E que disco é esse!?
Dez anos atrás, você nos deu a obra-prima rasgada de dor amorosa, carregada de fossa e energizada de suingue ímpar, único, inimitável.
Da Motown, as óbvias conexões da visceral faixa-título “Back to Black” bebendo das Supremes e de “Baby Love” e a redentora “Tears Dry On My Own” colando na levada da cativante “Ain’t No Mountain High Enough”, de Tammi Terrell e Marvin Gaye.
E que letras!
Fora as duas, tudo transpira a essência motowniana.
Os metais de “You Know I’m No Good”, o piano elétrico de “Rehab”, a dupla piano/guitarra de “Wake Up Alone”, a batida acelerada de “Addicted” e de “He Can Only Hold Her”, os backing vocals de “Me And Mr. Jones” e de “Some Unholy War”, a guitarrinha de “Love Is A Losing Game”… Até o reggaezinho “Just Friends” tem pegada de arranjo da gravadora de Gordy.
“Back to Black, mates!”, indicou Amy, plantando sementes para o que viria depois, como a incrível Adele.
E a gente só tem a agradecer por esse enorme talento que apareceu e foi embora cedo demais.
Ouça:
Fontes e +MAIS:
– blogdobarcinski.blogosfera.uol.com.br
– time.com