Há 20 anos… dia 23 de fevereiro de 1996.
(1000º post!)
“I’m gonna be just like you. The job, the family, the fucking big television. The washing machine, the car, the compact disc and electric tin opener, good health, low cholesterol, dental insurance, mortgage, starter home, leisure wear, luggage, three piece suite, DIY, game shows, junk food, children, walks in the park, nine to five, good at golf, washing the car, choice of sweaters, family Christmas, indexed pension, tax exemption, clearing gutters, getting by, looking ahead, the day you die.”
Ao som de “Born Slippy”, do Underworld, Renton caminha, sorriso no rosto e mala na mão. “Eu vou ser exatamente como você”, garante, elencando as coisas de uma vida “normal”, como um Natal feliz em família, caminhadas no parque ou um aparelho de CD.
As drogas e a música estão mudando, já alertara Diane, a menina colegial com quem ele passara uma noite. Sai a heroína, entra o ecstasy. Saem o punk, o pós-punk, a new wave, o rock, e entra a eletrônica. Na mesma onda, Renton também está em mutação. O vício e os “amigos” ficam no passado, assim como Edimburgo e a Escócia.
Baseado no livro de estreia de Irvine Welsh, de 1993, “Trainspotting” se transformou em uma peça de teatro e no cult e cultuado longa-metragem dirigido por Danny Boyle. Apresentou Ewan McGregor ao mundo e um quadro preciso e bem-acabado da subcultura de seu tempo, como bem pontuou Derek Malcolm, à época, no Guardian.
“…as atuações têm uma tal liberdade de expressão que muitas vezes surpreendem”, acrescenta, enaltecendo a direção de Boyle e as interpretações de McGregor e Cia. – Ewen Bremner como o frágil Spud, Jonny Lee Miller na pele do cínico Sick Boy e Robert Carlyle encarnando o irascível Begbie.
Além das performances espontâneas e livres e, por isso, competentes, “Trainspotting” tem na trilha sonora uma bússola. Não somente marca a passagem de décadas, mas também norteia o espectador na narrativa.
“Como Scorsese e Tarantino, Boyle usa as canções pop como rapsódias potencializadoras de humor, ainda que em seu próprio estilo ‘ravey-hipnótico’”, escreveu Owen Gleiberman, na Entertainment Weekly. É por aí mesmo.
A cena da overdose do protagonista ao som de “Perfect Day”, de Lou Reed, é uma aula de cinema e uma amostra grátis do estilo Boyle. Com a pitada irresistível de um típico humor negro britânico.
Um filmaço e um raio-x dos early 90’s na Terra da Rainha.
Trailer de “Trainspotting”:
Fontes e +MAIS:
– IMDb