Há 5 anos… dia 22 de fevereiro de 2011.
Soam os primeiros acordes do violão e uma potente voz feminina irrompe no ar: “There’s a fire starting in my heart/Reaching a fever pitch and it’s bringing me out the dark/Finally, I can see you crystal clear/Go ahead and sell me out and I’ll lay your shit bare”.
O bumbo da bateria emite sua pancada, como “um golpe em um saco de areia”, segundo Will Hermes, da Rolling Stone. A voz continua seu desabafo: “See how I’ll leave with every piece of you/Don’t underestimate the things that I will do(…)There’s a fire starting in my heart/Reaching a fever pitch and its bringing me out the dark”.
Um piano minimalista entra em cena, pontuando a harmonia e escoltando a voz, que segue – “The scars of your love remind me of us/They keep me thinking that we almost had it all/The scars of your love, they leave me breathless/I can’t help feeling”.
É o prenúncio da explosão do poderoso e catártico refrão, agora com todos em (quase) uníssono: voz, bateria, piano, backing vocals, baixo, palmas, tudo!.
We could’ve had it all
(You’re gonna wish you never had met me)
Rolling in the deep
(Tears are gonna fall, rolling in the deep)
You had my heart inside of your hand
(You’re gonna wish you never had met me)
And you played it to the beat
(Tears are gonna fall, rolling in the deep)
E continua, com mais potência, mais som, mais dor, mais médios, graves e agudos…
(Que música!)
“Rolling in The Deep” é arrebatadora na primeira e na milésima audição. Um sentimento e uma conclusão estendidos e válidos para todo o segundo álbum da carreira da impressionante e já lendária Adele.
À parte os gigantescos e, possivelmente, insuperáveis números e prêmios alcançados – 11 milhões de cópias vendidas nos EUA, 30 milhões no mundo todo, 247 semanas no Billboard 200 (24 no #1), 6 Grammys em 6 indicações e por aí vai -, 21 tem valor artístico assaz relevante e, muitas vezes, desprezado.
É a tese de Andrew Unterberger, em ótimo texto no site da revista Spin – sob título “O quão bom é 21 de Adele, de fato?”, em tradução livre. A crítica com certa distância histórica, como pontua o próprio Unterberger, analisa cada faixa minuciosamente, mas também coloca o todo em perspectiva.
O crítico destaca a fluidez de 21. A despeito do óbvio selo de álbum-fossa-pós-separação – carimbo autenticado e legitimado pela própria Adele -, há uma certeira escolha na ordem das músicas. Sístoles e diástoles, highs and lows (mela-cueca e esquenta-suvaco, pra colocar em português claro, né, Tim?!).
“… para um álbum com uma reputação de uma declaração monolítica de fossa, é surpreendentemente divertido de ouvir”, pontua Unterberger.
“As faixas mais otimistas, inteligentemente espalhadas por 21, mantém o álbum se movendo com vitalidade muito necessária, nunca deixando se atolar em um piano aguado e em cordas melodramáticos”, continua, citando “He Won’t Go”, “I’ll Be Waiting” e “Rumour Has It”.
Ao fim, Unterberger torce para que o recém-lançado 25, o terceiro de Adele e que já atinge recordes de vendas, alavancado por “Hello”, não seja apenas isso, um blockbuster.
“Se for por esse caminho, vai até estabelecer novas marcas de vendagens em sua primeira semana e a indústria da música nunca se verá ameaçada novamente, mas pode ter um fim muito brutal e ser duro de ouvir daqui a meia década”.
Destino completamente diferente de 21, que já pode ser considerado um clássico pop do século… 21!
21:
Fontes e +MAIS: